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Contos-->Gostoso que nem vidro moído -- 29/07/2003 - 09:12 (Paulo Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela caiu exausta do lado direito da cama, enquanto ele permaneceu ofegante do lado esquerdo. Tinha sido uma trepada maravilhosa para ambos.
Eram amigos de faculdade, na verdade dizer que eram amigos é um exagero. No máximo colegas. Trocaram algumas miseras palavras em quatro anos de convivência. “Oi”. “Tudo bem”. “Boa noite”. Ela era uma das melhores alunas da sala e ele um dos piores. Nem a mais cafajeste das tarólogas conseguiria prevê aquele fim de noite.
Naquela tarde se encontraram no churrasco da turma de faculdade. E, depois de muitas cervejas e alguns aditivos, acabaram no apartamento dele.
Ele ainda respirava profundamente quando ela se levantou:
-- Vou beber água. Você quer?
-- Não. Respondeu com esforço.
Ficou deitado, observando aquela princesa nua caminhando pelo quarto. O nome dela era Flávia, mas bem que poderia se chamar Cândida ou Angélica, pela doçura de seus traços e pela pureza que deixava transbordar no olhar. Mesmo depois de uma trepada fortuita ela não perdia a meiguice que possuía. Ele ainda a via como uma garota perfeita para o matrimônio. Honesta como uma beata.
Na volta da cozinha, parada diante da estante do quarto, olhando para algumas fotos, ela perguntou:
-- é a sua namorada?
-- sim. Respondeu receoso
-- Há quanto tempo vocês namoram?
-- seis anos.
-- Coincidência. Disse ela, deitando-se e roçando as coxas brancas como leite, nas pernas dele.
-- Por que coincidência?
-- eu também namoro há seis anos.
-- é?
-- Sim. Você não sabia?
-- não.
-- Tem algum problema?
-- de forma alguma. Respondeu acedendo um cigarro.
-- Sabe. Um dos motivos de eu ter ficado com você hoje foi porque eu sabia que você tinha namorada.
-- sei.
-- Assim você não vai querer que todos fiquem sabendo do que aconteceu entre a gente. Logo fica mais difícil que o meu namorado saiba. Disse, passando a mão levemente sobre o peito dele.
A pureza que ele enxergava nela começou a se dissipar, como a fumaça do cigarro que fumava. Virou-se para ela. Enormes olhos pretos sob a meia luz daquele quarto. Não acreditava no que ouvia. Ela sentava na primeira fila! Ninguém que senta na primeira fila pode ser tão ordinária.
-- Você gosta do seu namorado?
-- Claro! Eu o amo. Quero me casar com ele. E você gosta da sua namorada?
-- Gosto.
-- Sabe. Eu tenho muito medo que ele saiba disto. Morro de medo de perde-lo.
Permaneceram por alguns minutos num silêncio constrangedor, ele tinha o olhar perdido dos desiludidos. Até que ela o beijou disse:
-- foi maravilhoso.
-- foi.
-- por que você está assim, tão pensativo?
-- Bobagem..... Eu tava pensando..... Se você gosta do seu namorado e eu gosto da minha namorada. Por que a gente fez isso?
Ele era assim mesmo, dado a rompantes de sentimentalismo. Apesar de se considerar um inescrupuloso. Melhor dizendo, um inescrupuloso frustrado.
-- Ora. É só sexo. Seu bobinho. Respondeu, e lhe sugou a língua num beijo apaixonado.
Enquanto ela o beijava ele pensava: “o pior diabo é aquele que se travesti de anjo”
--Que horas são. Perguntou ela interrompendo o beijo.
-- uma da madrugada.
-- você me deixa em casa ? A minha mãe já deve está preocupada.
Dizendo aquilo, daquela forma tão doce, parecia que ela tinha recuperado a pureza digna de uma colegial que tanto o encantara. Ele achou que não poderia existir diabo travestido de anjo. Seria uma grande afronta ao Senhor.
-- Claro. Onde você mora?
-- Setúbal. Vamos logo que eu disse ao meu namorado que ia estudar na casa de uma amiga, ele já deve ter ligado lá pra casa a minha procura.
Ledo engano. É o preço que se paga por se confiar nas aparências.
-- Vamos.
Despediram-se com um longo beijo.
-- Até segunda. Disse ela, docemente, como era de costume.
Ele ficou olhando aquela Lolita caminhar até o portão de casa e lançar-lhe um sorriso lânguido combinado com um olhar de felina, antes de fechar a porta.
Era tudo que um homem queria. Uma mulher resolvida, linda, atraente e quente. Muita bebida, muito entorpecente, muito sexo, nenhum compromisso. Melhor do isso só acertar na Mega Sena. Tinha sido realmente um ótimo dia para ele.
Mesmo assim ele não dormiu bem aquela noite. Algo o incomodava. Às sete horas da manhã ligou para a namorada.
-- Aninha.
-- oi meu amor. Como foi o churrasco?
-- foi legal.
-- por que está ligando tão cedo? Aconteceu alguma coisa?
-- não. Nadinha. O que você fez ontem?
-- eu não te falei Pedrinho! Que iria estudar na casa de uma amiga.
-- ah. Foi
-- o que foi? Você me parece preocupado.
-- nada não. É que esse mundo que a gente vive anda muito perigoso.


Paulo J. Teixeira
02/06/02
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