Há quem diga que o tempo passa
e nós passamos com ele.
Mas há tempos que nunca passam,
há tempos que permanecem
no rosto, no coração, na pele...
Há tempos que nunca se vão,
que mesmo quando passado,
viram memória marcada ,
no rosto, na mente, no coração...
Não passam os bons tempos,
as boas coisas vividas,
trazidas por bons ventos,
registradas em nossas vidas,
assim marcadas pelo tempo.
Também há tempos ruins,
que como os outros também ficam,
marcados pelas tristezas
e outras coisas assim,
dores trazidas em outros ventos,
que vão coração adentro,
criando muros e grandes feridas,
transformadas em cicatrizes
que nos vão tingindo a alma
de cores escuras, tristes matizes
daquilo que (mal)aprendemos.
Assim como o tempo, as pessoas,
um tanto más - mesmo quando boas,
cruzam os nossos tempos,
atravessam as nossas vidas,
trazidas e levadas pelos ventos...
Pouco nos resta a fazer
do que a vida faz de nós,
só um constante aprender
a lição interminável
de desatar estes nós...
Depois de bem (ou mal) desatados
é quase certo, previsível,
provável e determinado
saber que o resultado
deste infindável desfazer
dos inacábaveis nós
é um eterno aprendizado
de descobrir quem somos nós...
Não somos o que a vida faz,
tampouco o que quer que sejamos,
dentro de nós não jaz
somente o que desejamos.
Não somos as marionetes
do tempo, dos ventos, da vida, dos nós...
Somos a soma do aprendizado
de passar o tempo levando a vida,
curando nossas feridas,
desatando os próprios nós...
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