Eles moravam na Rua General Càmara, quase em frente a nossa casa. Dona Laura, a matriarca da família, era uma pessoa muito simpática. Tinham dois filhos: o Paulo Tartaruga e sua irmã Conceição. A casa deles era um primor de limpeza. Havia muitos vasos de plantas. As janelas em que as cortinas emolduravam outros tantos pequenos jarros, era meu fascínio. Achava muito bonita a forma como dona Laura mantinha a casa limpa e agradável.
O senhor Silva trabalhava no Hospital dos Servidores como chefe da cozinha daquele que era um grande hospital, na época em que no Brasil se respeitava a saúde pública. Era um homem de pequena estatura e os garotos o chamavam de "Sêo Loló". Para mim, ele era um gigante. Um exemplo de homem sério, honesto e digno pelo que eu observava na sua conduta. Tinha uma família bem estruturada. Um capitão de uma nau que navegava em águas tranquilas, embora muitas vezes me parecia que sua esposa era quem controlava o timão.
Uma vez eu estava na padaria que fica na Rua Chaco com a Avenida Duque de Caxias, quando ele passou a caminho de sua casa. Me pareceu que estava embriagado. Seus passos eram vacilantes e estava com o dedo na boca como se fosse uma criança. Alguém me disse uma vez que o homem que bebia era de confiança. Estava provado.
