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No meu..., não!
O homem não vê, mas está escrito na porta: Detran. Oculista
- Leia esta letra.
- Que letra?
- Aqui neste quadro, senhor.
- Que quadro?
- Nesta parede.
- Que parede?
Irritadíssimo, o oculista cruza os braços e o ofende:
- Que olho quer investigar? Procura oculista ou proctologista?
- Pro... proc..
- Isso é um absurdo.
- Absurdo? Sou deficiente visual, porque houve erro...
- Perdão. Absurdo é a secretária encaminhá-lo a um oculista.
- A culpa é minha. Disse que queria examinar o olho que funciona.
- Por quê? Confundiu a menina.
- Não consegui lembrar pro... proc...
- Proctologista.
- Isso. A sala de espera estava cheia. Fiquei com vergonha....
- Ora, meu senhor. Era só usar a palavra ànus.
- Esse é o problema!
- Não entendi.
- Uma vez, em igual situação, solicitei médico de ànus...
- Sim. Isso mesmo.
- Não deu certo. Passaram-me o médico mais antigo.
- Qual o problema?
- Não era pro... proc...
- Proctologista. Quanta falta de sorte!
- Muita! Muita!
- Muita? Por quê?
- Era oculista. Foi examinando meus olhos e deixando a sala.
- Oculista?!
- Sim. Bom... Resumindo, acordei num hospital, operado e cego.
- Credo!
- Até hoje não consegui consultar um pro... proc...
- Proctologista.
- Isso.
- Não se preocupe. Eu o encaminho pessoalmente...
- Não, não! Pelo amor de Deus! Não saia da sala antes de mim!
- Trauma. Sem problema.
- Deixe-me sair rapidamente.
- Claro, senhor. Claro.
- Obrigado. Consulto outro dia.
- Ó, leve seu laudo.
Ao sair, a secretária pega o laudo, pede documentos e fotos. Digita, digita. Depois recomenda que ele espere a Carteira de Motorista no endereço residencial. Precavido, o homem não diz palavra.
Vai embora, sussurrando:
- Essa mulher é doida! No meu..., não!
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Perseguição em nome da paz. Sanha antiamericana |