Essa é a história do Cão de Bigode
Que gosta de reggae, mas dança em pagode
É recordista em derrubada de tequila das fortes
Contra ele, o poderoso canídeo, ninguém pode
Perdeu a conta de quantas cadelas arrastou com seu faro
Só anda de carona, pois é pobre e não tem carro
Nascido e criado nas grotas
É fiel amigo do Gato de Botas
Grande mecânico, desamassador de calotas
Fraco conquistador, só namora marmotas
Mas quando os dois estão juntos
Levantam até defuntos
E acabam sempre atrás das grades
Porque se o agito é muito
A carrocinha sempre invade
Espera um pouco!
Começa falando do Gato, vai acabar falando do Porco
Enorme leitão, gordurosamente louco
Mas essa é a história do Cão de Bigode
Que só usa o telefone para passar trotes
Que não gosta do doce mel, come abelha
Mora num barraco de lona, humilde, sem telha
É claro, quando não está na cadeia
E não anda de botas, só gosta de tênis sem meia
Como bom vira-latas
Faz reforma e pintura em casas
Coloca piso em escadas
E ainda planta batatas
Mas nem sempre teve bigode
Também antes, não freqüentava pagode
Fazia Universidade e se orgulhava de o quanto tinha sorte
Até que um dia não houve mais xamego
No corte de despesas, perdeu o emprego
Era jovem gerente de uma grande corporação
Foi parar na sarjeta
Com o coração na mão
Largou os estudos, ia acabar com tudo
Torrou todas as economias em bebida
O álcool era a sua única saída
Acabou na favela, quase morto por uma bala perdida
E o único trabalho que conseguiu
Foi na construção civil
Querendo parecer mais feroz
O bigode nunca mais ele fez
Seu latido é com pouca voz
Pois tentou suicídio uma vez
Cortou a garganta com uma faca de pão
E quando foi cortar os pulsos, cortou a mão
Hoje é impossível novamente ficar rico
Porque não tem nenhum honesto amigo
Também jamais está sóbrio
Gasta o pouco dinheiro em mé, é óbvio
Não importa, mesmo que desse pesadelo ele nunca mais acorde
Vai continuar gostando de reggae e dançando em pagode
Tudo bem, com ele ninguém pode
Ele é o poderoso e fedorento
O corajoso Cão de Bigode