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cronicas-->No asfalto -- 13/02/2003 - 13:24 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No dia em Bartolomeu optou por estudar fenómenos óticos nunca imaginou que encontrasse tantos olhos de uma vez. Queria mesmo era entender a propagação da luz, conceitos mais simples.
Acabou se interessando mais tarde pela construção de óculos, espelhos, lentes especiais para todos os fins.
Foi assim que conheceu Severina, uma filha de retirantes nordestinos que escolheu São Paulo para fugir da miséria do agreste. De Alagoas a família da moça se mandou para Guarulhos.
Nos fundos da ótica onde atuava Bartolomeu trabalhava Severina em casa de família. Foi gritando por causa de um rato que chamou atenção do jovem.
Pulou o muro da ótica e matou uma ratazana de mais de trinta centímetros e ganhou a simpatia da assustada mulher. Voz infantil, mas corpo de mulher.
Um copo d água, uma conversa e um cinema no final de semana foram estabelecendo um relacionamento que resultaria em casamento.
Bartolomeu se tornou especialista em olhos também. Gostava de fabricar olhos para deficientes. Escolhia além das cores tradicionais algumas diferentes.
Alguns acharam que sofria de algum distúrbio mental, para gostar tanto daquilo. Costuma encher potes de vidro com olhos artificiais. Era inspirado pela mulher, que achava o material muito interessante.
As noites do casal eram divididas entre amor, filmes de terror e manipulação de olhos.
Costumavam também visitar o IML regularmente para verificar quem tinha morrido e bater fotos dos cadáveres para comparar as tonalidades de cores da íris sem vida.
Um dos motivos que levou o casal a permanecer juntos foi também o conjunto de olhos de Severina, um verde e o outro amarelo. Esquisito, Bartolomeu, beijou seus olhos no primeiro encontro e apelidou-os de brasileirinhos.
Não tinham amigos. Ninguém suportava a conversa especializada do casal, embora fossem grandes técnicos do setor ótico.
Seu amor terminou no asfalto. Passeavam de moto num Sábado, a caminho do IML. Choveu, a pista escorregadia jogou os dois na rua. Bartolomeu ainda pode ver os olhos de Severina caídos, misturados aos de vidro que carregavam num recipiente. Morreu vendo olhos frios e cheios de amor.
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