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cronicas-->Olhos, cabeça, pés cansados -- 13/02/2003 - 14:10 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Quando Terezinha entrou no ónibus com o firme propósito de deixar São Paulo estava deixando também toneladas de suor e sal na rua Caetés, onde se escondeu(pequena casa com pequenos cómodos faziam-na sentir-se como rato em buraco).
Trabalhou vinte anos, colecionou romances, mas nenhum amor de verdade. Experiências cansadas, pés ralados e unhas judiadas pelas toneladas de roupa lavada para os policiais militares.
Para os que achava simpáticos lavava roupa de graça. Também acabava em suas camas. Talvez na esperança que um deles a levasse de vez como esposa.
Tropa ingrata. Antes acabavam fazendo joguete de sua voluptuosidade e logo estava com parceiro novo.
O relacionamento maior foi com um apenado do Carandiru, que durou dois anos. O prisioneiro da justiça tratava-a melhor do que os soldados. Os últimos tratavam-na como vagabunda. O apenado como princesa.
Talvez tenha sido quem mais próximo chegou do compromisso. Teria progredido se não fosse eliminado numa briga boba. Foi degolado por um desafeto.
Depois do prisioneiro pouco lhe restou de ilusão. Só roupas e soldados. Tinha queda por fardas.
Terezinha também lavou roupa para militares, mas estes não chegavam muito próximo, tal o número de policiais que buscavam seus préstimos.
Também teve o aborto do delegado, que pediu para não levar adiante a gestação, pois já era casado e gostaria de manter tudo na normalidade.
Terezinha subiu no ónibus e ficou olhando para o uniforme do motorista. Uma camisa verde, gravata preta e calça azul. Os sapatos pretos fechavam o conjunto. Um uniforme que ainda não tinha visto.
Ficou prestando atenção aos movimentos de troca de marcha. Seriam três dias de viagem para a Bahia, onde recuperaria suas origens. Visitar tias e irmãos, já que os pais haviam morrido em São Paulo.
Poucas economias e uma vontade de viver num lugar mais calmo. Quem sabe Jequié ou Feira de Santana.
Na primeira grande parada do ónibus fez amor com o motorista. Pelo gosto da farda.
Trocaram o condutor do veículo várias vezes. Foi assim até que chegaram em Salvador.
Enquanto esperava a condução para o interior passou um PM. Deixou de lado os sonhos e perguntou se havia lavadeiras no batalhão onde servia. Embarcou no ónibus de Feira de Santana mais tarde, sentada ao lado de um policial militar.
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