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Cronicas-->Dia chato e copo d água -- 13/02/2003 - 14:11 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ela levantou muito cedo, talvez antes das cinco. O ronco do marido despertou-a para a realidade. Sonhava com um poeta que viu na tevê de relance, recitando poesias de Vinícius de Moraes. Dormiu ao lado do homem que se preocupava em ajustar uma roda traseira do trator, que empenara depois do último arar de roça.
No jantar houve uma interessante conversa sobre a castração dos porquinhos na propriedade vizinha. O marido riu muito ao contar que o vizinho jogou os pênis para os porcos adultos se banquetearem. Riu muito.
A televisão salvou a noite enchendo de fantasia a mulher que mal conseguia dormir ao lado do homem simples, por vezes simplório.
Embora habitando o interior da pequena cidade esperava algo mais para sua vida. O casamento e os dois filhos pareciam não lhe bastar para tornar os dias agradáveis.
Sempre que podia ficava esperando um príncipe surgir na estrada, com uma Ferrari, já que os cavalos tinham saído da moda, e cruzar o Atlàntico em busca de lugares romànticos como as ilhas gregas.
Talvez passassem em Paris também. Era bem distante de onde moravam.
Queria um príncipe poeta. Não lhe bastaria um amante jovem e cheio de recursos financeiros. Queria também flores e adornos que a tornassem bela. Algo que combinasse com seus olhos.
Seus olhos ficaram perdidos nas matas. Queria apreciar o belo.
Seus devaneios foram perturbados por um barulho desagradável. A flatulência do parceiro anunciava que em breve estaria de pé.
Tomou um copo d água para buscar ànimo no frescor do líquido. Logo depois ouviu um velho assobio, que indicava a necessidade de sua presença no leito conjugal.
Era o marido ansioso por fazer amor. Correu, sapecou beijos mecànicos no companheiro, simulou prazer e sorriu artisticamente no final.
Foi chamada de princesa da minha terra, orgulho do seu pitéu. Achou estranho. Pitéu. Deixou de lado o pensamento.
Havia uma chance ainda de ser levada embora por um príncipe. Foi assim que passou o dia.
O único vivente que chegou ao alcance dos olhos foi o mecànico banguela que ajudou seu marido. Almoçou com o casal e elogiou o talento culinário pelo franguinho caipira com cebolas.
Chorou antes de dormir.
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