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Infanto_Juvenil-->A MALDIÇÃO DA ROSA BRANCA - PARTE 1 -- 12/02/2003 - 17:21 (Angellus Domini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A maldição da rosa branca
Por Tomas von Reichbeger
CAPITULO I

Estados Pontifícios, 1846.

- Mama, para onde está me levando? Nunca permitiu-me chegar perto deste lugar? Por que isto agora? – Andréas Ravasi estava realmente preocupado. A porta que dava para a escada do sótão do casarão da família Ravasi estava trancada há décadas e a menção a existência deste sótão era assunto proibido desde a morte de Vincenzo Ravasi, seu bisavô, em situação inexplicada. O casarão localizava-se em um local chamado “A montanha da desolação”, pois o loca carregava o estigma de que todos os que o habitassem seriam mortos em situações bizarras. Esta lenda foi divulgada pela família Ravasi, que sempre teve interesses no local, e a gerações conseguiu a posse total da montanha, erguendo seu casarão no cume, e montando uma pequena fortaleza, abastecida por sua criação de ovelhas e de sua vinha, famosa por abastecer as adegas do Papa. Porém a maldição parecia confirmar-se na trajetória de poder da Família Ravasi. Todos os patriarcas da família morreram em situação similar. Enlouqueciam e após alguns dias, cometiam suicídio. Vincenzo Ravasi, o bisavô de Andréas, saltou do sótão do casarão, contra as rochas inalcançáveis do abismo, ficando assim, sepultado no mesmo. Desde aquele dia, o sótão tornou-se local proibido. Seu avô, Leonne Ravasi, também enlouquecera há alguns anos, e sua mãe, a atual matriarca Maria Pia Ravasi, o internara em um asilo para loucos. Morrera em poucos meses após a internação, que já fazia quinze anos. Desde então Maria Pia assumira todos os negócios da família.
- Não te interessa ainda, Andréas, apenas continue andando, e tente não tropeçar na escada e apagar o lampião.
Assim continuaram em silêncio a subir os degraus que davam para o sótão. Pareciam duas figuras retiradas dos livros de Dante. Dona Maria Pia Ravasi ainda trajava o luto de seu marido, Moshe Ben Gurion , o judeu, que também aparecera morto em condições misteriosas. Dizem que fora envenenado pelo sogro, logo após o nascimento de Andréas, o único neto varão de Leonne, para que o velho patriarca pudesse o educar como cristão, e aproveitar-se para livra-se do parentesco com um judeu, o que arruinou sua reputação por algum tempo junto aos magistrados da Igreja, e conseqüentemente arruinando seus negócios. Maria Pia entrava agora na casa dos cinqüenta anos. Seu cabelo, já embranquecido, amarrado em uma trança que lhe alcançava a cintura demonstrava os anos sem corte, dede a morte do marido. Alta e magra, caminhava com o apoio de uma bengala, já sentindo o peso da idade que chegava e a artrite que a acometera desde quando nasceu Andréas. Na juventude desafiara o pai, e contra seu gosto, fugira com Moshe para a Polônia, onde casaram-se, segundo a religião judaica. O velho mandara persegui-los e leva-los presos de volta a Roma, no casarão dos Ravasi, onde ela teve seu filho, Andréas, e perdeu o marido. Andréas jamais soube quem foi seu pai, muito menos que tinha sangue judeu. Para não morrer também, e obcecada pelo poder da família, para vingar o marido, Maria Pia submeteu-se à vontade do pai. Passou o resto de vida, aguardando o dia em que o pai, seguindo o destino dos patriarcas da família, enlouquecesse. Foi, pouco a pouco, tirando de seu caminho seus irmãos, dos quais as mais novas, Caterina e Ana, mandou-as na adolescência para o Carmelo. O irmão casula Pio, já por vontade própria, tornou-se franciscano, e viajou em missão para as Índias. Nunca tiveram notícias suas. Já o mais velho, Inocenzo, desapareceu. Suspeita-se que Maria Pia tenha dado um sumiço em seu irmão, ficando assim como a única herdeira. As três filhas de Inocenzo, ficaram sob a guarda de Maria assim que sua mulher contraiu novo casamento e partiu para a Sicília. Ficara no castelo, como a única herdeira, e com a loucura do pai, e com a mãe idosa e doente, sentira que chegara sua hora. Assumira a sua parte na herança e ficara como tutora das sobrinhas. Metade das terras do irmão franciscano e das irmãs carmelitas fora doadas para a Igreja, e a outra metade, comprada pela própria Maria Pia. Mais tarde, alegando ser vontade do pai não separar as terras, troca com a Igreja por outro lote, comprado por Moshe para Andréas antes dele nascer, e que até então estava abandonado. Finalmente era dona de tudo. Casara suas sobrinhas, e agora estava somente com seu filho Andréas e com os criados. Os filhos de suas sobrinhas, que sempre visitavam eram as únicas pessoas que alegravam a casa. Andréas era um jovem de vinte e sete anos que ainda estava à sombra da mãe. Anêmico, fraco e tímido, fora mimado pela mãe, por ser a única lembrança possível do judeu Moshe, pois a menção de seu nome na casa era severamente castigada por Inocenzo, e pelo avô por ser o único neto varão. Não conhecera o pai, raramente saia dos limites da propriedade da família, e várias vezes o cura da vila fora chamado para lhe dar a extrema unção. Ultimamente estava mais forte, mais ainda conservava em sua fisionomias pálida, realçada pelo cabelo preto e olhos azuis, as marcas da anemia.
Andréas e Maria Pia chegaram a grande porta que dava para o sótão proibido. Maria Pia, retira do busto um molho com três chaves. Uma grande, com o cabo trabalhado, e duas pequenas, simples. Com a mão magra tremula, coloca a chave grande na fechadura da porta e abre. Um rangido seco anuncia que o tão temido sótão fora aberto. Lá dentro somente uma mesa, um lamparina, uma cadeira, e dois baús. Um pequeno, de aço, do tamanho de um livro. E um grande, também de metal. Maria Pia caminha na direção do pequeno, e com uma das chaves pequenas o abre.
- Tome, Andréas. Eis o motivo pelo qual todos nossos antepassados enlouqueceram. Não seja o próximo, meu filho!
- Mama, do que estás falando? Mama, o que pretende fazer?
Maria Pia, com um golpe violento arremessa a cadeira contra a frágil janela, já comida pelo tempo. Seu rosto está desfigurado, somente com a luz que começara a entrar Andréas pode perceber o estado de sua mãe. Seus olhos estão vermelho, de sua boca escorre uma baba constante. Maria Pia enlouquecera.
- Não seja o próximo Andréas, não seja o próximo! Ela olha firmemente nos olhos do filho, como em um momento de lucidez, aproximando-se de costas para a janela. Andréas, paralisado, apenas olha, tentando entender o que faz a mãe.
- Mama, o que está fazendo? Mama, não!
Maria Pia atira-se de pela janela. Mais uma vez a maldição se cumpriu.

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