Não há instante mais belo da existência do que o alvoroço e o
entusiasmo que se instalam dentro de uma pessoa quando tocada por um
namoro.
A paixão é o momento mais útil do ser humano. A paixão das mãos dadas, do telefonema ansiado, do encontro esperado, a alegria de
estar sendo eleito, desejado, idealizado.
Nem se calcula qual o namoro mais delicioso, se o público e ostensivo, se o secreto ou dissimulado.
E quando ela não sabe que está sendo amada ou ele desconhece que tudo o que ela quer é conquistá-lo? Não há mel mais saboroso na
existência.
O bom do namoro são as escaramuças no período da incerteza, a fingida indiferença, a estratégia do desdém, depois o assédio, a
procura, a espera, a tocaia no lugar em que certamente ela estará, o ciúme afetado e o ciúme sentido, como uma seta pontiaguda que ameaça
a felicidade.
E o risco que ela corre de perdê-lo por um detalhe, o sábado e o domingo se aproximando, ele a verá na missa ou no culto, ela aparecerá certamente no bar ou no parque, nada no mundo mais importa que não seja aquele vínculo sólido que se estabeleceu entre as mentes e os corações do parzinho apaixonado.
O namoro é abrasador, profundo, abrangente porque ele está decidindo o futuro e o destino dos dois namorados, é o sentido de
viver dos dois que está em jogo, finalmente parece que encontraram o significado de suas existências.
Eles se acham o centro da vida, tudo o mais que acontece ao seu derredor tem apenas o condão de servir de cenário para aquele
caso de amor desabrido que afronta e desconhece todas as agruras e desgraças do mundo paralelo que possam ameaçá-los.
E ali estão e vão eles. Os namorados, encantados, sonhadores,invejados donos do mundo, loucamente desejantes, ridículos e sublimes
descobridores e protagonistas da única forma de alcançar e fruir a felicidade.
Paulo Santana - Zero Hora 12/06/2002 |