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Infanto_Juvenil-->A MALDIÇÃO DA ROSA BRANCA - PARTE III -- 12/02/2003 - 17:24 (Angellus Domini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

CAPITULO III

O dia esta tranqüilo quando André com o toque insistente e irritante do telefone. Leva a mão, derruba o telefone, que continua tocar.
- Alô! Que horas são?
- Alô! Obrigado pelo “Oi amor, tudo bem? Obrigado por me acorda para não chegar atrasado no primeiro dia de aula depois de não ter ido com você na vigília para a volta às aulas”.
- Oi Val, desculpe. É que ontem eu fui dormir tarde e não acordei direto ainda! Hei, Valquiria, espere, não desliga... Alô...
- Tu-tu-tu-tu
André termina de acordar, e começa a tentar se arrumar para ir para a Faculdade. Passara a noite inteira com os amigos festejando o último dia de férias, e também aprovação no curso de Ciências. Olha para o telefone e pensa se vale à pena ligar para a namorada agora e perder a hora, ou falar com ela na Faculdade. Se bem que ele já está procurando um motivo para por um fim a este namoro sem sentido que já dura quatro anos. Ele não sente mais a mesma atração que sentia antes. Quer agora se concentrar nas aulas, principalmente Física, sua verdadeira paixão. Valquiria que também prestou vestibular entrou no curso de Letras. Tinha sido aprovada também em Direito, em Jacarezinho, no norte do Paraná, mas preferiu permanecer em Santa Cecília, somente para estudar na mesma Faculdade que ele. André ainda não sabia o que o levara a namorar Valquiria. As diferenças começavam pelas famílias. A família de André era mais desestruturada o possível. Seu pai era alcoólatra, sua mãe o abandonara quando tinha seis anos com a avó. Com quinze anos já trabalhava, e atualmente, já aos vinte anos, com a ajuda da avó, e o dinheiro que conseguiu guardar, mudou-se para a Pensão dos Estudantes, prédio de cinco andares doado pela Faculdade e administrado pelo freis, para cursar Ciências. Sempre teve bom relacionamento com os freis, apesar de seu ateísmo, e gostava de debater filosofia com Frei Orlando Shauts. Valquiria viveu todos seus dezenove anos para o estudo. Sua família sempre foi rica, o que lhe proporcionou um conforto financeiro para estudar sem preocupar-se com nada mais. Ela sempre quis que André aceitasse a proposta de sue pai, para que eles se casassem e assumisse uma parte dos negócios, mas André jamais aceitou, pois só se casaria após a Faculdade, o que dificultou ainda mais a relação de André com o pai de Valquiria. Freqüentadores do Espiritismo, ela e o pai converteram-se ao metodismo depois do suicídio da mãe, que se enforcou após uma sessão no centro. Valquiria jamais entendeu o ateísmo de André, que se tornou motivo de constantes brigas após sua conversão. O que ele mais queria agora era coragem para terminar com Valquira, porem ela sabia que sentiria falta.
Pegou o telefone. Toca, uma, duas, seis vezes. Ele sabe que ela vai atender
- O que você quer? Ser estúpido de novo? – ela estava realmente braba.
- Alô! Val olha, desculpa, mas você sabe que eu não curto esse negócio de religião. Ir a um culto com você de vez em quando, até vai. Mas varar a madrugada orando, e escutando a pastora pregar sobre uma coisa que eu não acredito já é demais!
- Você é um frio e insensível! Poderia pelo menos ter ido me buscar!
- Mas Val, você sabe... Toda vez que chego lá é a mesma coisa. Querem me convencer. Se fossem pelo menos como as conversas que tenho com o Frei Shauts, tudo bem. O cara entende meu ponto de vista, me respeita e simplesmente apresenta o ponto de vista dele como um igual. Mas lá eles querem ser superior, absoluto, como se eu tivesse que abrir a cabeça e eles desejarem o conhecimento lá dentro como se eu fosse um cabeça oca.
- Você não tem jeito André. Vou orar muito para o Senhor te fazer enxergar a verdade.
- Então estou perdoado?
- “Não sete, mais setenta vezes sete...” Fazer o que né seu bobo! Te encontro na aula. Beijão.
Era a ultima coisa que ele queria escutar. Ela o perdoara. E ele não conseguira terminar de novo.
As aulas começaram com uma decepção para André. O professor de Física, Frei Alex Mher, fora transferido para Assis.
- Malditos celibatários! Retiraram a atração do curso de Ciências. Aquele alemão era demais, o cara manjava muito, e ainda vamos ficar sem aula de Física.
- Acho que não – reponde um rapaz que aparentava ter uns 32 anos, o único arrumadinho da turma – Depois de amanhã, termos uma professora nova, que vem de Curitiba. E não blasfeme contra os freis, que você pode acabar ajoelhado no milho.
- Ou arder no fogo do inferno!
Os dois caíram na risada.
- A propósito, eu sou o Benedito, e você?
- André. Você é novo na cidade não?
- Sim, vim do Norte do estado somente para ter aulas com o Frei Mher. Mas acabei gostando da cidade. E você?
- Sou daqui mesmo. Morava na fazenda com minha avó, mas agora estou morando na Pensão. Também está morando lá?
- Não, já passei da idade de morar em pensões de estudante. Sou formado em Educação Física, e vim estudar e aproveito para garantir um dinheiro dando aula à tarde e a noite.
A conversa teve que encerrar por ali. O professor Kleber acabara de entrar na sala para sua aula de Álgebra, e explicou que seriam seus últimos mêses antes da aposentadoria, e queria aproveitar bem suas ultimas aulas. No fim da aula, passou uma bibliografia sobre a matéria, e recomendou que utilizassem o máximo da Biblioteca, pois, graças a Inocenzo Pio e aos Freis, a Biblioteca da Faculdade, um prédio em estilo antigo onde morou Inocenzo Pio e que ficava na quadra de frente à Faculdade, contava com vários manuscritos originais, e dada o seu valor ganhara vida própria, com quase independência da Faculdade e atendia toda a comunidade, mais os livros mais raros estavam reservados exclusivamente aos alunos. André tinha a oportunidade que sempre sonhou, poder andar livremente pela biblioteca e aproveitar-se da coleção de Física organizada pelo professor Frei Mher.
A abertura da Biblioteca para a comunidade aconteceu depois que Tomaso Ravasi, avô de Ermínia, morrera. Ermínio Ravasi já morava na casa onde residem, atualmente Ermínia e Elza, e Ângelo morava na casa da Fazenda. Tomaso que ficara viúvo decidira ficar morando perto da Faculdade para sentir o calor da mocidade. Após a morte do velho, Ermínio e Ângelo decidiram incorporar a casa ao complexo da Faculdade, e transforma-la em biblioteca, e assim preservar proporcionar a casa o calor da mocidade que Tomaso sempre gostara. Inicialmente, os freis faziam a guarda da biblioteca. Quando frei Camilo Sá morreu, há 10 anos, Ermínia, com o consentimento de Frei Norbert Schönborn, apostou na responsabilidade e amor pelos livros da Professora Marina Reuter, de apenas trinta e um anos, que lecionava Literatura Francesa. Não podia ter feito escolha melhor. Marina fez mudanças total que deram fama à organização da biblioteca. Com um sistema de climatização especial, colocou todos os manuscritos originais no andar superior da biblioteca, no qual somente professores da faculdade e alunos, desde que com solicitação por escrito do professor de que seria necessário para a matéria, com hora marcada. No segundo andar, livros para interesse acadêmico e a biblioteca informatizada, com trinta computadores conectados à rede, onde somente professores, da faculdade e das demais escolas de Santa Cecília, e alunos da Faculdade devidamente identificados podiam entrar. No andar térreo, a parte livre ao público e uma sala onde funciona a Secretária Municipal de Educação e a Documentação Escolar Estadual. Marina Reuter tinha uma relação pessoal com a biblioteca. Casada e sem filhos, ela passa o dia todo cuidando dos livros como se fossem seus. Sua assistente, Beatrix, que todos chamavam de Bia, apesar de ter 19 anos, que por ter que trabalhar para ajudar a família parou os estudos por um tempo, e ainda estava no primeiro ano do ensino médio, apesar de ter 19 anos, mas ela a escolhera a dedo, pois era uma menina que tinha interesse pelos livros, e Maria queria molda-la a seu gosta para que possível, fosse sua sucessora na administração da Biblioteca.



CAPITULO IV

- Professora Ermínia Ravasi! Bom dia. Sou a professora Márcia Cristina Gomes, de Física! - Márcia a primeira vista não lembrava nem em sonho uma professora de Física. Alta, cabelo preto cortado bem curto, realçando a pele clara e os olhos negros, o corpo bem esculpido, realçado em um jeans justo e uma blusa que realça-lhe o volume dos seios.
- Oh, sim, sente-se, por favor! – disse Ermínia, analisando-a de alto a baixo - A senhorita que veio substituir meu querido Frei Alex Mher? Disse dando-lhe as costas e reparando uma mancha na cortina
- Quem em dera chegar a tanto, senhora – Márcia ainda estava de pé e procurava encarar Ermínia nos olhos - Jamais alcançaria o professor Frei Mher! Fiquei sabendo que ele foi ensinar em Assis, se não estou enganada?
- Ele foi assumir um cargo como superior e mestre dos noviços, mas para ensinar-lhes Filosofia.
- Uma pena que uma cabeça tão grande, um grande físico, tenha que ensinar Filosofia para um bando de pirralhos! Disse Márcia, enquanto mexia em sua bolsa.
- O que disse, professora Márcia?
- Nada, nada... Só estava pensando alto – Márcia estende uma pasta para Ermínia – Aqui está meu currículo, não tão bom quanto de Alex Mher, mas não tão ruim quanto pareço.
- O que esta dizendo, não se julga um professor pela aparência – Ermínia abre e começa a ler – Graduação em Física na Universidade Federal do Paraná; Pós-Graduação na Puc-Campinas, Mestrado também na Puc-Campinas, Lecionou na Unicamp e Puc... Que a traz a Santa Cecília – pergunta Ermínia, olhando nos olhos de Márcia, - que a encara por alguns minutos.
- Quando se perde alguém de maneira trágica, se busca refugiar-se do passado, não é mesmo?
- Do que está falando? - Agora é Ermínia que está sendo encarada, e visivelmente nervosa.
- Meu marido foi assassinado em Campinas, não sobrou muita coisa. Uma mão, uma perna... Desde aquele dia, Campinas perdeu o sentido para mim. Então a professora Ângela, que conhecia meu marido Da Faculdade de Artes, me contou que teria uma vaga de Física aqui. Então, vim. Preciso ganhar meu pão.
- Tudo bem professora, a vaga é sua. Fará um contrato de um semestre, após será efetivada.
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