Em sua boca entupida de ânsia e cheia de dentes, seu sorriso não coube de tão grande.
Então perguntou por qual nome poderia me chamar. Sugeriu Estrela ou Luar e depois sorriu de novo e me abraçou com seus braços compridos e tão maiores do que meus sonhos já desfeitos.
Foi desse jeito: o beijo dele, perfeito, sussurrou à minha alma tudo o que ela precisava escutar sem ela nem se dar conta disto...
E então, em minha boca repleta de credulidade e lotada de dentes, meu sorriso não coube de tão grande.
E veio o beijo. Coisa boa registrada feito palavra bonita escrita no papel.
Dois elementos unidos.
Estrelas coladas no céu.
E o gosto daquele beijo fazia meu tempo estacionar os ponteiros do relógio.
Tudo em volta fazia questão de parar.
E bem devagar ele foi entrando pela porta da frente da casa do meu coração tão desarrumado.
E meu corpo bebeu todas as doses, gota a gota, expostas no cardápio do seu amor oferecido ao gosto do cliente.
Mas tudo estava fora da validade, ultrapassado, estragado.
E eu me envenenei.
Me intoxiquei de um sentimento que, de doce, passou a amargo.