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Contos-->Valentina -- 03/09/2003 - 18:34 (Paulo Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Dois amigos:
-- E a Valentina ?
-- Foi embora.
-- lhe deixou ?
-- nos deixamos. Eu acho ?
-- por que “eu acho” ?
-- porque eu não sei se ela me deixou ou se eu a deixei ir.
-- eu acho que você não queria que ela fosse embora.
-- pode ser. Uma parte de mim não queria.
-- então por que você a deixou ir ?
-- Valentina não se prendia. Logo iria embora, eu apenas ajudei na sua partida.
-- Me perdoe o interrogatório, mas por que eu percebo uma ponta de arrependimento nas suas palavras ?
-- simplesmente porque eu deixei de viver um amor. Por puro medo. Medo de acreditar nas minhas próprias mentiras. Medo de voar junto com Valentina. Nem que fosse por meros quinze dias.
-- nossas verdades , meu amigo, somos nós que criamos. Até mesmo partindo de uma mentira.
-- pois é. Tive medo de acreditar no que eu pensava ser uma mentira criada por mim mesmo. Me preocupei com as expectativas dos outros e deixei as minhas vontades de lado .
-- talvez você tenha feito a escolha certa deixando-a partir.
-- Eu sei o que você vai dizer, que “eu devo seguir meu caminho, deixar de aventuras, esse tipo de coisa.” Não é verdade ?
-- Não, não é. Eu ia dizer que você agiu certo deixando Valentina seguir o caminho dela, pois você, me parece, ainda não escolheu o seu.
-- Infelizmente lhe dou razão. Temo que agora eu não consiga viver o que eu achava ser o certo, por não ter vivido plenamente o que acreditava ser errado.
-- Soluções...
-- quem as tiver que me diga.
-- Quase impossível achar remédios para esses tormentos da alma.
-- ao menos fica provado que tenho alma. Por alguns instantes pensei não tê-la.
-- alguém já disse que sem alma não se chupa nem um chica-bom.
-- foi Nelson Rodrigues.
-- eu desconfiava.
-- Procuro por mudanças meu amigo. Onde posso encontra-las ?
-- Em você mesmo.
-- até já deixei a barba crescer.
-- muda ao menos o reflexo no espelho, mas tornasse outra frustração quando se percebe que apenas isso mudou.
-- é verdade.
-- talvez raspando o cabelo....
O outro sorriu.
-- acho que ela não nasceria novamente.
-- ao menos isso lhe traria a certeza que o tempo passou e lhe curaria dessas duvidas juvenis.
-- é por esses meus medos que envelheço.


Paulo J. T. Lima
28/08/02

Agosto quase no fim.

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