O Brasil continua a dar uma lição de extrema incompetência quando o assunto é a gerência dos seus problemas mais prementes. É um tal de acertar daqui e dali; uma preocupação duvidosa de não ferir susceptibilidades de grupos que até bem pouco tempo não se preocupavam se as suas ações feriam ou não susceptibilidades e um tal de reconhecer erros que se não fosse desgastante, no mínimo, seria assumir que errou, quando, na verdade, à época dos fatos, o país apenas se defendia.
Fica difícil para o brasileiro de inteligência mediana engolir a falta de dinheiro do governo para aplicação em projetos de saúde e segurança, por exemplo, quando não lhe falta para adquirir no estrangeiro - ou mesmo internamente - produtos para uso imediato que se deterioram num galpão qualquer para, finalmente, serem despejados num lixão, enterrados ou incinerados, enquanto a população continua privada dos benefícios que o adequado uso desses produtos poderia proporcionar. Pior ainda - se é que é possível algo pior do que o que está dito -, é engolir a dinheirama que o poder público, em todas as suas esferas, derrama para garantir os seus privilégios, sem falar nos favores perpetrados pelo governo em operações de salvamento de bancos quando o povo - que é quem realmente precisa ser salvo -, está cada vez mais atolado numa miséria sem precedentes.
E é terrível quando se vê a Presidência da República indenizando famílias de desaparecidos políticos, ou de outros que perderam a vida no embate com forças governistas num período recente da História deste país. Ora, aqueles que lutaram no período pós 64, o faziam em defesa de uma ideologia que julgavam certa e pela qual não mediam esforços. Para isso matavam, saqueavam, sequestravam e assaltavam bancos. E ver , agora, as famílias dos que morreram nessa luta sendo indenizadas é algo parecido como pagar duas vezes uma mesma conta. Afinal, o Estado Brasileiro defendeu a tão decantada democracia. E a não defendeu de forças que pregavam a viravolta política pela palavra ou pela Filosofia.
Quando o governo paga uma indenização dessas, está assumindo que cometeu um erro; erro que a grande maioria do povo brasileiro não atina com o que seja. Apenas os burocratas, aliás os mesmos de sempre. Vide Brasília e os parlamentares que por lá reinam. Quantos não são guerilheiros?
E agora, o Brasil, dando uma de entreguista - aliás, já entregou tantas vezes! - nomeia para, em seguida, pressionado pelas mesmas forças contra as quais lutou recentemente, o Diretor Geral da Polícia Federal. Certamente o povo fica a se perguntar por quê... ou será que todo o mundo pensa que a cartilha que os guerilheiros seguiam era o Evangelho?
Na verdade, o que o país deixa transparecer é que as coisas mudaram para melhor para todos os criminosos. Numa extensão, pelo que consta, criminoso de guerra é o militante do lado que perdeu a guerra. Por aqui, é diferente: o criminoso de guerra, já que está pagando indenizações e revendo atos, é o Estado Brasileiro. E tudo em detrimento do povo brasileiro, até porque o Brasil não é o povo brasileiro, mas aqueles que o governam e mamam nas suas tetas.
Num tempo em que a violência grassa como fogo no pasto, é cómico ver as situações a que se sujeita o governo. Parece que ele - e junto com ele, toda a imprensa - pensa que é possível cortar aço com serra de alumínio...
Indalus