A missão mais importante do Exército Brasileiro após a Segunda Grande Guerra, segundo as autoridades, é o atual envio de tropas ao Timor Leste, 50 homens a um custo de doze milhões de reais em seis meses!
O que não dá para entender é o interesse do Brasil em participar de uma operação que poderia ser chamada "Operação Rescaldo" num país tão distante quando, internamente, os problemas pipocam a todo o instante. O governo amarga o maior descrédito da História, os juros escorchantes dizimam o poder de recuperação do pequeno empresário, moído ao longo do tempo, principalmente, nos últimos cinco anos, e a economia informal é a que mais cresce nesta terra. Como não bastasse, a droga e o crime organizado tomam conta do país e, hoje, já não é prudente dizer que as instituições estão infiltradas pela marginália. Talvez seja mais acertado afirmar que o contrário é a premissa verdadeira, a julgar pelos fatos que a imprensa diuturnamente noticia.    
E o Brasil manda soldados para o Timor. E manda para um embate dificílimo, altamente delineado em tática de guerra e sobrevivência, que não poderia ser pior, ou mais perigoso que - pasmem! - , escoltar presos. É de se perguntar o que o governo espera com isso, qual o reconhecimento internacional... será que o FMI vai fazer algum abatimento na dívida brasileira por causa dessa incursão no Timor? Bem poderia ser.
De qualquer forma, seria ridícula não fosse cómica essa missão. Porque para ganhar o título de missão mais importante desde a segunda guerra, a atual missão no Timor presume a alta capacitação dos soldados brasileiros , bem como a alta periculosidade da missão. E para ser a mais importante... o Exército tá mal de missão...
Mas a missão não é só ridícula e nem só cómica; é também triste, muito triste. E por doze milhões em seis meses! O povo brasileiro ganharia mais se esses mesmos cinquenta soldados - número irrisório, diga-se passagem -, fossem utilizados para missões de defesa do Território Brasileiro na Amazónia, impedindo que guerrilheiros vizinhos adentrassem o nosso país, ou que traficantes continuem fazendo da nossa terra um corredor de drogas. A verdade é que se essa não é a atribuição constitucional do Exército, bem poderia ser. E o nosso dinheiro seria usado em prol de nós próprios. Certamente, não seriam necessários doze milhões de reais em seis meses para custear cinquenta homens, e se tal montante fosse usado, de certo, o número de soldados utilizados em nossa própria defesa poderia ser maior e, portanto, mais eficiente.
Num país em que o governo diz que não tem dinheiro para cumprir as suas tarefas mais essenciais, fica difícil de o povo engolir uma missão como essa, ainda mais para o fim a que se destina.
Por outro lado, a AACD, desde as 22:00 h de ontem, está no ar em rede de televisão, na tentativa de arrecadar nove milhões e um real para a construção de mais um hospital para atender crianças especiais no Brasil. Por que, ao invés de o governo se dispor a gastar doze milhões de reais para soldados escoltarem presos no Timor, ele não gasta apenas nove para cumprir a meta da AACD? Certamente seria mais digno e mais nobre e, não apenas a AACD, mas todo o povo brasileiro, teria algum motivo para regozijo.
Indalus