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Cronicas-->Com moleza é retórica -- 14/02/2003 - 18:39 (Luis da Silva Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Com moleza é retórica




Quem vê uma multidão clamando contra a violência entre berros, faixas, cartazes, lágrimas, palavras de ordem, sorrisos das crianças e dos adultos para as càmeras de televisão, se não estiver acostumado, acredita.
E bem poderia ser séria cada manifestação dessas se os que pedem justiça realmente soubessem o significado dessa palavra, as implicações que dela advêm e os meandros que devem ser percorridos para lográ-la, eis que a sua consumação requer trabalho, abnegação e força, muita força. Pode-se dizer que a consumação da justiça exige um ritual semelhante ao observado pelo ferreiro para moldar a peça: é preciso fogo e é preciso o martelo tanto quanto a bigorna, itens que servirão para violentar o ferro a fim de que ele, finalmente, quede, primeiro, à necessidade do ferreiro, depois, ao seu gosto.
E quem é ferreiro sabe, tanto quanto quem já foi ferreiro, que a ação do brasil sobre o ferro preto é necessária para que ele seja adaptado ao molde. Só que o ferreiro não tem molde, senão na sua imaginação. É ele próprio, o ferreiro, quem dá a forma ao ferro em brasa de acordo com o que quer produzir, tudo de acordo com a sua sensibilidade, com o tato que comanda o martelo que, a despeito da sua rudeza, malha a peça bruta para dar-lhe forma.
E está dito. É necessário que haja a força para controlar as moléculas do ferro... e que haja fogo. Sem dois pesos e duas medidas, porque a matéria-prima do ferreiro carece de violência para se apresentar na toda pureza do produto final que há de ser dourado para que seja resistente. Não pode ser branco, nem pode ser azul.
Depois, vem alguém reclamar da violência que se alastra pelo país como fogo de agosto e o faz com uma veemência capaz de fazer crer aos incautos que sabe, de verdade, como acabar com a violência. Só que esses pregam um cambate cujas armas são a palavra e a sensibilidade como fora possível dar forma a ferro frio.
Como toda ação gera uma reação, como é possível combater os marginais da tal Febem e os bandidos de modo geral, sem dar autonomia para a Polícia? Afinal, todo o mundo já está sabendo que ela, a polícia, já quase se esconde da marginália, numa omissão quase sistemática. Mas pouca gente sabe que a polícia não se esconde por nenhum outro sentimento que não seja o da impotência causada por um sistema que protege marginais em detrimento de cidadãos que, efetivamente, carregam nas mãos este país.
Na verdade, não é difícil parar a violência que campeia solta. Basta liberar as forças de segurança, devolver-lhe a certeza de que pode combater os marginais com as mesmas armas que eles sem ter de pagar um preço, muitas vezes injusto. Porque hoje, aí do policial que molestar um marginal. Sobre ele cairá a ira de todos as organizações nacionais e internacionais como se fosse ele o bandido. O que se ouve são entrevistas de bandidos que reclamam do trato da polícia quando a polícia sequer tem oportunidade de prestar uma declaração.
Neste país, já há muito tempo, quem manda não é o cidadão. É hora de tomar a lição dos que malham o metal porque o ferreiro não molda o ferro sem fogo... nem o ourives o ouro.
Indalus



Campo Grande-MS, 05.11.99 - 22:09


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