Esta crónica parece fugir à temática proposta neste fold de Cronicas. Claro que o tema futebol, realmente, parece destoar, porém, pelo que se verá, somente a política é capaz de gerar determinados mitos. Desse modo, pelo que se poderá depreender, é que falar de mitos materiais e de mitos mitológicos é absolutamente possível dentro do tema político.
E os mitos materiais, aqui, são personalidades do futebol que vieram, passaram e não passaram. Vieram porque surgiram no ambiente do futebol como os meteoros que surgem no céu; passaram porque o tempo de cada um deles passou. Contudo, esse passamento foi de tal forma rico em radiações que esses meteoros, ainda que tenham passado, irradiam eternamente as luzes do seu rastro, tão intensas que, parece, jamais se apagarão.
Sem precisar ir a um passado muito remoto é fácil enumerar alguns nomes de jogadores que, ainda em tenra idade, e num tempo em que o atleta de futebol não percebia os salários astronómicos de hoje, surgiram no cenário futebolístico. Surgiram e jogaram; jogaram e encantaram as torcidas.
Quem não conhece Pelé, que jogou sua última Copa há quase trinta anos e encerrou a carreira não muito tempo depois? Garrincha, Tostão, Jairzinho, Dadá Maravilha, Rivelino? Quem não conhece esses ícones do futebol? É possível que até mesmo alguém não afeito ao futebol já tenha ouvido falar desses exemplares e saibam um pouco da história de cada um deles através dos programas de televisão.
Mas afinal, por que todo o mundo conhece esses nomes? Por certo pelo que realizaram durante as respectivas carreiras, pelo futebol que exerceram, pelos gols que marcaram e, sobretudo, pela permanência dentro das quatro linhas, ainda que em detrimento da própria saúde. São nomes que só ficavam de fora de uma partida quando uma contusão os impedia de entrar em campo. Fora disso, jogavam, faziam gols e eram importantes para os seus clubes apenas por isso. Tinham cerne, postura, vontade esportiva. E eram amados por isso. E, por isso, não saem da lembrança de ninguém. E continuam amados, por isso.
Veio uma outra safra e, com ela, novas estrelas, novos nomes que, como os outros já pertencem ao passado, ainda que nem tenham, efetivamente, passado. Desses, o maior deles é Ronaldinho, uma estrela de brilho pardo, amarelo doentio, sem força e sem personalidade, cujo salário tem zeros além da conta e que não joga. Está quase que todo o tempo parado, fazendo tratamento de saúde, bichado, amarelado, podre... É difícil entender porque um jogador como ele tem time para jogar... talvez porque o seu nome seja suficiente para atrair uma montanha de dólares em patrocínio para os seus clubes - e é aqui que a crónica se adapta à política. Bem diferente dos mitos materiais citados antes, esse rapaz mais parece um mito mitológico tanto quanto as sereias e os centauros. Um cometa obscuro, sem luz, que todo o mundo sabe que passou porque os radares o detectaram. Mas que ninguém o viu passar. Só os times estrangeiros que o agasalharam... e uma certa Seleção Canarinha num esquecível julho de 1998. A verdade é que os outros passaram e não passaram até hoje; esse tal ainda não passou e já passou faz tempo...
Perguntas que ficam: Será que isso é suficiente? Será que ele, um dia, poderá se orgulhar de ter sido um jogador de futebol? Que história poderá contar, salvo a de que ganhou dinheiro nos bastidores do futebol e que se deu muito bem com as louras?
Indalus