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Artigos-->CELEUMA -- 14/06/2002 - 11:18 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O sujeito era uma mistura de italiano analfabeto, português néscio e brasileiro mandão. Tinha-se aposentado com salário invejável e devido ao ócio em que medrava seu prestígio, tornou-se elegível para o cargo de síndico do edifício onde era proprietário de um partamento.

Os maledicentes não perdiam a oportunidade para, sempre que favorável à ocasião, lembra-lo de que o seu imóvel fora adquirido por herança paterna de sua mulher.

Como todo bom galo de briga turrão achava-se o dono da verdade, que considerava única.

Assim na sua concepção não existiam pontos de vista diversos. Os que viam um fenômeno do fundo de um palco ou de uma platéia, viam o mesmo que era visto pelos que tinham posições distintas.

Na verdade em seu sangue corria algo de latifundiário, proprietário de fazenda, e residente emérito das casas grandes.

Não aceitava contradição em seus argumentos. Era portador de uma personalidade, que se não era borderline, tinha traços parecidos.

Sentia-se prestigiado pela obediência, dos seus dez funcionários, às suas ordens e comandos. E por isso crescia e não se intimidava em fazer pouco dos outros, minimizando quaisquer méritos que pudessem ter seus advesários. Era característica própria dele e traço preponderante de seu caráter desmerecer, desqualificar os oponentes.

Para ele, quem não professasse suas crenças e não tivesse os mesmos valores, não prestava e não passava de escória. Apesar de ferino nas suas críticas severas, não deixava de freqüentar as sessões das quartas-feiras, lá no seu centro espírita favorito.

Ao receber os passes arrepiava-se todo e achava que os bons espíritos sempre o acompanhavam. Cria que tinha ímpetos benévolos graças aos ensinamentos dos grandes mestres sensitivos. Mas não relevava as faltas que pudessem cometer qualquer subordinado seu. Mesmo que fossem involuntárias.

Achava que a cabeça vazia era oficina do diabo. E por isso, mesmo estando de folga da sua árdua função, vivia a picar paus e gravetos com a baioneta que furtara quando fizera o tiro de guerra.

Era leitor assíduo dos grandes jornais. Mas apesar de confundir matérias e assuntos, tinha memória suficiente para entreter platéias boquiabertas e pasmadas.

Ainda que beirasse os setenta anos, gostava de vez ou outra, enganar a própria mulher, com uma faxineira balzaquiana que surgira assim como que do nada ali no prédio.

Apoucava os dissidentes comparando-os com as empregadas domésticas e seus bens. Recebia o reforço dos demais companheiros e era considerado o melhor dentre os melhores velhotes chupadores de sorvete.

Era enfim um rei, que para ser o da cocada preta, faltava pouco, muito pouco. Ele acreditava, que com o prestígio que tinha, poderia até candidatar-se a uma vaga na câmara municipal daquela cidade vã em que vivia.

Ele na verdade era um esperto, um astuto.

Ele, meu amigo, era um político e como tal não era ave que pudesse sempre trazer bom agouro.
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