E, novamente, lá vai o governo gastar mais um pouco do dinheiro que ele diz não ter, razão porque a Saúde fica à míngua, a Educação aos pandarecos - tem até taxa de inscrição para o Enem -, e o Funcionalismo na bacia das almas. Mas ele vai gastar mais um pouco, talvez para justificar outros gastos, como que uma lavagem real interna.
E ele vem, quase do nada, com um plano mirabolante para salvar o país da violência, apenas algumas horas depois de um fato noticiado pela televisão e que só tomou o rumo que tomou porque a imprensa estava lá para ver e filmar o que não devia. Coisa que acontece todos os dias se não igual, pelo menos semelhante, e que ninguém liga. Mas agora, é tempo de eleição, e a tragédia do Rio não poderia ter chegado em melhor hora.
Nem é preciso conhecer o conteúdo do tal plano para saber que é mais uma balela, mais uma farsa contra o povo brasileiro de bem. Seguramente, vai a tal fantasia falar em construção de presídios, se não aproveitar para falar na melhoria da condição de vida dos presos. Mais privilégios para quem se amotina a cada dia por este país a fora, se rebela para garantir direitos que diz ter, incendia prédios recém-construídos, tudo à custa do dinheiro público que não é outro senão os minguados reais do trabalhador desta terra. E o governo volta e reconstrói tudo de graça para eles, para que não percam o seu conforto.
Mas lá vem o tal plano. Será que ele fala em melhoria de vida dos policiais, será que trata em algum algum artigo, parágrafo, ou numa mísera alínea da melhoria nos seus vencimentos? Certamente não, e se o fizer, é engodo.
Já é sabido que bandido bom é bandido morto. Até o governo, com toda a sua Sociologia, sabe disso. Então, por que não trabalhar nessa linha? Afinal, meu Deus, não é preciso que todo o mundo saiba de tudo, não é preciso que a imprensa faça parte da Ordem de Missão quando houver uma batida policial. Aliás, é difícil entender a razão de tanta invasão de privacidade. A não ser que a própria polícia a inclua na OM, e, aí, seria o fim da picada.
O plano deveria ser mais simples que o que o governo expõe com pompas e galas. Deveria conter apenas uma cláusula que liberasse a polícia para fazer "um limpa" e que a Justiça e os órgãos de direitos humanos parassem de se preocupar com direito de marginal. Porque a Polícia conhece todos os marginais, sabe onde eles moram, os caminhos que eles cruzam todos os dias. Se não age é porque sabe que se for aos coutos e os prender, logo, logo a Justiça os solta por qualquer razão espúria; se os ferir ou os exterminar, será condenada e, se morrer, estará bem morta e tudo não passará de acidente de percurso não digno de nota ou digno de pouca nota. Só por isso.
Quanto à imprensa, a população agradeceria se não mostrasse tanta violência , principalmente na TV, ou se ficasse mais no seu posto ou, quem sabe, se não seria o caso de fazer como na Operação Pantanal em 1982, quando os agentes da Globo queriam, a todo o custo, estar numa determinada operação para fazer um furo de reportagem, ignorando todos os perigos, sob a alegação de que os coureiros não iam atirar num jornalista. O fato é que apesar das negativas do comandante de campo, os jornalistas tomaram o barco e foram. Consta que num corixo os policiais quebraram para um lado e não viram mais a equipe da imprensa que ficou perdida nos dédalos do pantanal. Não seria o caso se não tiver outro jeito?
E o plano nem precisaria ser assim, tão plano... nesta Terra de Vera Cruz - que está mais para Terra de Cruz Credo, já passa da hora de acabar com as bruxas, ainda que necessário seja invocar outras...
Indalus