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Cronicas-->Presepada -- 14/02/2003 - 18:46 (Luis da Silva Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Presepada




Dia desses, o Brasil se viu envolvido numa cruzada que, se não foi a mais ridícula da sua História - e tenha o leitor em vista que este país é mestre em presepadas -, foi, pelo menos, a mais risível desde a Nau Capitània, que o diabo a tenha.
E foi tudo programado, tudo reclamado na mídia como se, deveras, um apagar de luzes e um acender de velas fossem resolver o problema da violência tupiniquim. E o pior é que muita gente fez isso. Milhares, milhões de brasileiros, naquele predeterminado início de noite, acenderam a pobre da vela e apagou o raio da luz. E para quê? Para que num passe de mágica - só pode ser isso -, o Brasil se livrasse da marginália e o brasileiro pudesse arrancar as trancas das suas janelas, tirar os ferrolhos das suas portas e sair para respirar ar fresco. Como se nesse ritual, aqui e ali, parecido com um de magia negra, os bandidos se redimissem, se entregassem, melhor, explodissem como uma pedra de cal ao contato com a água e a sociedade verde-amarela se visse purificada do pesadelo que a vem humilhando nesses tempos.
Foi um ritual como tantos outros. Coisa que não dá certo porque os rituais não dão certo, senão para aliviar mentes cansadas e voláteis de gente que prefere esconder-se nos dogmas da vida a partir para o enfrentamento material a cada obstáculo com força e determinação. Uma fuga irracional para as dobras do desconhecido apenas como forma de sentir alívio e perpetuar a miséria e prolongar as desculpas.
O povo brasileiro já foi mais feliz. E para confirmar esta assertiva basta verificar que, num passado ainda recente, excluídos os delitos de rotina, a grande maioria dos outros tinha conotação política, coisa que passa - como passou -, com a política.
Pobre o Brasil sempre foi, e rico não ficará, pelo menos, enquanto predominar a corrupção instituída no seio desta terra.
E porque o Brasil foi sempre pobre, nem por isso foi varrido, noutros tempos, pela onda de crimes que o assola hoje em dia. Porque essa violência tem data de nascimento e, atualmente, pouco mais que debuta.
A verdade é que a sociedade ordeira, por mais pobre que seja, não rouba, nem mata por causa disso; quem se envereda por estes verbos são aqueles que se escudam nas defesas internas e externas de organizações governamentais e não governamentais daqui e de fora porque sabem que não serão presos e, se o forem, serão premiados com o conforto de comida farta e de garantias que o cidadão honesto não pode dispor.
O Brasil já foi mais feliz. E o foi num tempo em que a autoridade não era contestada, até porque autoridade não foi feita para ser contestada; e o foi num tempo em que não eram precisos subterfúgios como velas e làmpadas para pressupor a paz porque, na verdade, onde ninguém teme ninguém, o máximo que pode haver é anarquia. A paz pressupõe força e medo porque ninguém respeita outrem se não temê-lo, ou às consequências de uma afronta.
E hoje, no Brasil, ninguém teme ninguém; e, enquanto isso perdurar, o quadro que se verá é o que existe, só que cada vez pior, com o crime ditando regras, dominando bairros, cidades, instituições, o país.
Sem vela, sem choro. O que o Brasil precisa é de força.
Indalus



Campo Grande-MS, 03.08.00 - 13:01


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