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cronicas-->De caniço e samburá -- 14/02/2003 - 18:47 (Luis da Silva Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
De canaiço e samburá




Quanto custa um passeio? Não muito, ou muito. Depende de quem viaja, para onde viaja e, sobretudo, depende de quem vai pagar a conta. Sim, porque a conta é sempre maior quando é paga por terceiros, já que, nesse caso, o usuário fica mais "mão aberta" até porque, pimenta nos olhos dos outros não arde. Assim, é que se esmera na qualidade do hotel, no meio de transporte, na excelência do tratamento e na duração do folguedo.
Mas quanto custa? Não importa se o preço de tudo é pago por outra conta.
Pescar em Três Marias, no Araguaia, no Pantanal? Não faz diferença. Nos Poções, na lagoa do Bom Jardim? Ora, isso é questão de... de ponto de vista; da mesma forma que o adágio repisado um milhão de vezes em todas as boas famílias de que "é melhor perder a vida do que perder a vergonha".
E por falar em vergonha, o INSS não tem vergonha de fazer um apuratório contábil e, após 15 anos, concluir que deve vinte e três centavos de indenização a uma família. Ora, não tem dinheiro no mundo que, após todo esse tempo, resulte em vinte e três centavos, mormente no Brasil avassalado, até bem pouco tempo, por uma inflação esmagadora e sem precedentes. Por esse valor, nem o papel, o formulário usado para fazer a especificação, sem falar em todo o trabalho levado a efeito por um monte de funcionários. Mas o INSS é corajoso, é destemido, aprova e torna público um ridículo bem trágico.
Mas o assunto não era passeio, viagem, pescaria? Era. E que é que tem? Todo o mundo pesca. Todo o mundo bota a sua farofa no embornal e, samburá a tiracolo, caniço nos ombros, isca na lata vai a pé, de bicicleta, de ónibus fretado, de automóvel, cada qual segundo as suas posses. Vai e pesca. Ou não pesca, mas vai. O país é livre e todo o cidadão tem o sagrado direito de ir e vir.
Melhor lugar não existe para uma pescaria - dizem os pescadores -, que as cercanias de Miranda no coração do Pantanal sul-mato-grossense. E é aí que há dias uma operação de guerra foi montada para uma pescaria, um passeio de fim de semana. Numa determinada área, ninguém entra sem ser identificado e revistado.
E hoje, dia 12 de agosto, pouco depois das onze da manhã, essa região pantaneira recebeu um ilustre pescador, sua excelência, o Presidente de República. Ele chegou procedente de Brasília. Não veio a pé, de ónibus, nem de carro. Veio de avião a jato. Desceu no aeroporto da Capital Morena e ninguém teve sequer o direito de filmá-lo. Também, não veio em missão; nada oficial. Só mesmo para uma pescariazinha no final de semana, um churrasco, um passeio de barco junto com uma autoridade portuguesa que já está no Pantanal há dias. Do aeroporto a comitiva foi, de helicóptero, direto para o, digamos, pesqueiro na fazenda da Klabin. O parco noticiário dá conta que, só do Exército, estão sendo utilizados duzentos homens na segurança. Sem contar os agentes de outros órgãos.
Ninguém tem nada contra o presidente sair para pescar, mesmo porque ele é um cidadão como qualquer outro. O que intriga é o momento. Justo agora, tempo em que, mais uma vez, o país passa por turbulências capazes de virar qualquer barco, ele cisma e sai de Brasília para refugiar-se às custas do erário no coração do Pantanal.
Talvez porque esteja acostumado a tanta agitação, elas já não façam diferença.
Quem pode, pode. E ele nem sabe quanto custa. Nem ele, nem o Instituto. Certamente, bem mais que vinte e três centavos. Mas isto é outra estória.
Indalus



Campo Grande-MS, 12.08.00 - 19:52


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