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Cronicas-->Briga de comadres -- 14/02/2003 - 18:48 (Luis da Silva Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Briga de comadres




Parecem até brincadeira as tentativas de invasão que os sem-terra têm proposto contra a fazenda dos familiares do Presidente da República em Minas. Brincadeira, porque não ata nem desata e o povo vai perdendo a paciência tendo frustradas as suas expectativas de assistirem a um confronto de verdade, um que vá além de bate-bocas e de ameaças que, se no princípio sugeriam alguma verdade, hoje, já não passam de ridículo e fanfarronice.
De observar contudo que, bem pior que as ameaças dos desocupados, o que soa como uma trágica brincadeira é a postura do dirigente mor da república verde-amarela. É fato conhecido a já de muito iniciada invasão dos colombianos à Amazónia, e, apesar do projeto Calha, naturalmente encalhado, ninguém tem notícia de uma efetiva movimentação do nosso exército na região com fins protecionistas. A verdade é que, por motivos diversos, mas sempre escusos, tem muita gente estranha na Amazónia - e até brasileiros! -, tomando conta de tudo e fazendo uma devastação indescritível sem qualquer molestação por parte das Forças Armadas. Talvez porque lá seja apenas terra do Brasil, coisa pública que não requer maiores cuidados.
Pode-se dizer que todos os dias o Brasil é invadido, um pouco mais invadido. Pode-se dizer que não passa uma semana sem que longe ou perto alguma fazenda seja esbulhada por supostos agricultores sem-terra, um prédio público tomado de assalto pelos mesmos indivíduos, funcionários feitos reféns, outros, impedidos de entrar na repartição para trabalhar. Quase todos os dias acontece isso. Mas o Exército não aparece nem para prevenir, nem para reprimir tais assaltos. E, pelo menos nos casos de invasão de fazendas ou prédios públicos, não deveria aparecer mesmo.
Mas não é isso o que acontece quando o alvo é a fazenda do presidente.
O presidente fazendeiro é apenas um cidadão que tem uma fazenda. Se ele é presidente, isso é outra estória. Se a família fazendeira do presidente é fazendeira, também não passa de uma família que tem uma fazenda e, de cidadãos e de famílias que possuem fazendas, o Brasil está cheio.
O que intriga não é o fato de se ter uma fazenda. É a forma diferenciada de protegê-la. Os cidadãos comuns, pelo que parece, sequer têm o direito de proteger o seu património. E não podem fazê-lo nem mesmo às suas próprias expensas. Devem assistir aos acontecimentos com a passividade do cordeiro e ver as suas cercas serem arrancadas e o gado carneado, tudo sem uma reação já que qualquer uma seria motivo para jogar contra eles a ira da justiça e dos defensores dos direitos humanos.
Não é o que acontece quando o bem ameaçado é do presidente. Nesse caso, só a Marinha ainda não apareceu para defender o pedaço. Basta uma manifestação para que os peões do governo - pagos pelo povo - sejam deslocados de Brasília para o local armados até os dentes, numa operação, no mínimo, vergonhosa. Vergonhosa e descarada que só serve para delinear um confronto - ainda que de palavras - entre dois governantes que não se dão o respeito.
O Exército deveria trabalhar sim; e a Polícia Federal também deveria trabalhar um pouco mais. Não como leões-de-chácara de fazenda ou chácara particulares mas esta no estrito cumprimento do seu dever constitucional e aquele até dando uma mexidazinha na Constituição para que possa trabalhar na defesa interna. Afinal, ao longo dos anos, a Constituição brasileira tem demonstrado que foi feita para ser emendada sempre que surgir um interesse não contemplado; pelo menos quando o interesse é contra o povo. Além do mais, nem a PF nem o Exército têm competência para defender património privado. Para isso existe outro órgão constitucionalmente competente.
Mas o governo brasileiro continua a usar do poder para a defesa dos seus assuntos particulares, enquanto o resto da população passa por uma míngua de segurança sem precedentes na História. O povo brasileiro não merece isso. O povo mineiro, particularmente, muito menos. Além do mais, se Itamar é assim, tão valente como quer parecer, por que não despacha logo a tropa? Ela deve estar ansiosa.
Indalus



Campo Grande-MS, 13.09.00 - 01:49


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