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Infantil-->O pontinho desapontado -- 07/09/2002 - 11:51 (Palmira Virginia Bahia Heine) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma vez um ponto final. Ele era da mesma família da vírgula, da interrogação e das reticências. Porém, ele se sentia triste... Se sentia culpado por ser um ponto final e por determinar um fim para as frases, os parágrafos, os livros e até mesmo para os momentos...
Sua irmã vírgula, pensava ele, deveria ser bem mais feliz... ela não tinha que determinar um fim para nada, apenas indicava uma breve pausa nos momentos... E as reticências? Ah! Como deveria ser bom ser uma reticências e indicar um algo mais, o sentimento não dito do poeta... Até a interrogação estava numa posição melhor: instigava as pessoas a obterem respostas para as coisas, e, assim, ajudava a construir o conhecimento. E ele? Era apenas um pobre ponto final... A ele cabia finalizar tudo... Se sentia culpado.
Um dia o pontinho tomou uma decisão: iria consultar a Fada Pontuação para que ela o ajudasse a mudar de forma e a deixar de ser um ponto final. Estava decidido: iria depressa à casa da fadinha para pedir-lhe um conselho... Ele queria ser uma vírgula, tal como sua irmã mais velha, ou uma interrogação como sua irmã de criação... Queria ser qualquer coisa, menos um ponto.
Então, naquele mesmo dia, o pontinho chegou à casa da Fada Pontuação... Uma casa pequena, mas bem arrumada, como as casas das fadas da nossa imaginação. A fadinha, surpresa com a visita inesperada, falou com toda a alegria:

- Ora, ora, mas o que o traz aqui, ponto final? Qual é sua aflição?!

O pontinho respondeu tristonho:

- Fadinha, é que eu estou precisando de um conselho seu... Eu não queria ser mais um ponto final...

Como assim, meu amiguinho? Explique-me melhor.

O pontinho continuou:

- Dona fada, eu não sou feliz. Acho que sou o maior culpado pelos momentos acabados, pelos sonhos terminados, porque sou um ponto final. Até mesmo os homens, que não conhecem com força o mundo da imaginação, dizem entre si quando querem um fim para algo: – vamos botar um ponto final nisso! E as crianças, coitadinhas, quando são repreendidas, ouvem suas mães chateadas dizerem: – isso não pode e ponto final! Por isso, não quero mais ser um ponto!
A fadinha retrucou:

- Querido amiguinho, pense no outro lado: O que seriam dos livros sem um final programado? E os parágrafos, então? Ninguém entenderia nada... E ainda as frases, se não tivessem um ponto formariam uma bagunça geral... Até mesmo as histórias infantis não teriam um final...

O pontinho respondeu:
- Mesmo assim acho que não sou importante! E chorou baixinho...

A fadinha comovida, resolveu fazer um trato, algo que tocasse o coração do pontinho e mostrasse a ele a importância que cada coisa no mundo tinha, cada uma do seu jeito, cada qual no seu lugar... E falou:

- Pontinho, vamos fazer um trato?
- Trato, como assim?
- Eu lhe darei uma poção mágica que fará você sumir e, assim, por algum tempo não existirá mais ponto final em lugar algum, nem no mundo dos homens, nem no mundo das mágicas, e nem mesmo nos momentos... Enquanto você estiver invisível poderá observar tudo o que vai acontecer antes de decidir seriamente o que pretende fazer. Depois de sete dias, você poderá voltar, pois o efeito do remédio desaparecerá e você me contará tudo o que aconteceu e decidirá seu destino... Tudo bem?
- Tudo bem, eu aceito!

Na mesma hora, o pontinho tomou a poção mágica, cheio de felicidade, pois iria mostrar à fada que ele não era importante realmente. Foi então, que de repente... (ÊPA!!! Um momento, leitores, o ponto final DESAPARECEU e com ele, todos os pontos despareceram junto...! Como terminarei minhas frases e essa historinha encantada?)

No mesmo dia, todos os pontos do mundo sumiram (inclusive os deste livro) As conversas ficaram intermináveis e nunca tinham ponto final E assim, na biblioteca, na escola; os livros, o jogo de bola, não puderam começar Como começar algo que não se podia acabar?

Passou-se um dia, passaram-se dois dias, três dias, o mundo humano embaralhado Palavras e frases soltas voavam por todo lado Não se podia estudar, a criança não entendia a lição, os momentos ruins do mundo humano não tinham mais fim – e o pontinho invisível, quietinho, olhava tudo de perto com a mão no coração...
Sem o ponto não tinha fim, sem o fim não tinha começo (o livro está ficando confuso sem o ponto, não se entende nada!) Do quinto dia em diante, o problema piorou – sem o ponto as palavras soltas num-instante-se-juntaram-e-ficaram-tão-coladas-que-ninguém-mais-entendia... (Ai, meu Deus, que confusão!)

E no mundo das maldades? O que foi que aconteceu? Ah, as bruxas e os vilões gostaram dessa situação, pois assim nenhum escritor de histórias infantis poderia agora terminar a história com um final feliz! O pontinho, então, percebeu a sua importância e chorou emocionado quando viu que, por sua causa, o mundo inteiro tinha se embolado E assim que no sétimo dia, o pontinho reapareceu (o deste livro também, ufa!) e foi novamente na casa da fadinha contar o que aprendeu...

A fadinha falou:

- E então, meu querido amigo, ainda quer ser uma vírgula?

- Não, fadinha querida! Sabe, nesses dias aprendi muita coisa... Que cada ser no universo tem a sua importância... As flores, os passarinhos, as árvores e os bichinhos e até os sinais ortográficos como nós! E eu que sou um ponto final percebi a importância de um momento terminado, de um livro que tem fim, de uma frase separada de outra frase por mim...
E então, a fadinha pediu ao pontinho pra que ensinasse a todos o que havia aprendido. O mundo dos homens voltou ao normal, as frases voltaram a ter um final, as palavras se separaram umas das outras e tudo se fez entender novamente... E graças ao pontinho ter se encontrado, pude terminar este livro, colocando um ponto final nessa história inventada.

E você? O que está fazendo aí parado? Vamos, ajude-me agora, a colocar os pontos que haviam sumido dessa inusitada história!

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