Em "Crendice que ficou"
(o meu conto premiado),
só repito o que Nhá Rita
contou em tempo passado:
que um cantador seu cunhado,
o Zé Pequeno (ou Catita),
foi por cobra devorado,
e, de uma forma esquisita
sobreviveu vomitado
e voltou à cantoria,
ficando mais afamado!
Nas margens do Parnaíba,
maior rio do Piauí,
Zé Pequeno desafia
o violeiro "seu" ´Piquí,
e, naquela noite fria,
surgiu uma sucurí,
que pegou Zé distraído,
sendo ele logo engolido,
enquanto a turma fugia.
Como ele saiu da cobra?
É o que nos contou "seu" Zé:
"Para minha salvação,
tinha na cinta um quicé,
que peguei firme na mão
e cortei ela por dentro,
rezando com muita fé,
até que me pôs pra fora.
me deixou e foi embora,
consegui ficar de pé..."
Para quem não acreditou
nesse caso do violeiro
menor que bezerro novo,
quero lembrar para o povo
o ocorrido mais recente,
em que a famosa serpente
também garrote engoliu
de cento e cinquenta quilos,
com chifres, cascos, mamilos,
mas, por "cesária" pariu...
Que "se aumenta e não inventa",
é a mais pura verdade,
seja a gente do sertão
ou frajola da cidade:
- tem cobra que engole sapo,
que engoliu Zé Catita
e a bezerra bonita
que há dias botou no "papo";
e não fez a digestão
porque houve algum "mandão"
lembrando a velha Gestapo...
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