Sou eu quem matará tua fome,
Até que ela chegue a zero.
Sou feijão, quiabada,
Que ingeres rapidamente, limpando
O prato, marmita, quentinha,
Para voltares à lida, à vida.
Neste revolto mar de fome,
Sou a bóia salvadora, mesmo fria,
Que o resgata, náufrago faminto,
Devolvendo-o a sua existência degradada.
Portanto, não me olhes assim,
Como se me faltasse o molho
Ou a pimenta que a tudo permite ingerir
Sem maiores sabores.
Não perca mais o seu tempo,
Antes que não tenhas mais força
Para com o garfo revolveres um bocado
Desta gororoba que sou.
Porque, levando-me à boca, ingerindo-me,
Logrará resistir um pouco mais,
Talvez o suficiente para que invadas uma fazenda,
E, uma vez lá, assentado, possa me plantar,
Para nunca mais ter-me como esmola.
Uma homenagem ao Fome Zero, MST e Governo Lula
do ASCHELMINTO DA SILVA
aschelminto@hotmail.com |