Paulo era bissexual. Trabalhava como caixa numa loja de cosméticos. Ninguém sabia de sua opção sexual, exceto seus casos amorosos. Não mantinha expectativas maiores que alcançar a gerência da loja. Nunca se apaixonara e tinha horror a negros. O outro caixa da loja era negro e isso aumentava o desejo de Paulo em se tornar gerente.
Cinthia era a típica patricinha pobre. Economizava todo o salário para torrar numa noitada fútil. Vestia-se como as garotas americanas em videoclipes da MTV. Quando podia, lia Paulo Coelho e revistas de moda. Frequentava a loja onde Paulo trabalhava, sempre a procura de produtos em promoção. Secretamente era apaixonada pelo negro do caixa.
Samuel usava óculos, acreditava no aparência intelectual que o objeto lhe dava. Nunca lera nada além de gibis da turma da Mónica. Cursava administração numa universidade privada. Dizia-se especialista em bebidas exóticas da América Central - viajara para Cancun cinco vezes. Seus pais eram donos da loja de cosméticos.
Paola trabalhava no "DiskHansen". Uma ONG que prestava esclarecimentos sobre a hanseníase. Atendia cerca de trinta ligações diárias, mais da metade era trote. Trabalhava a noite para bancar a faculdade, estudava com Samuel. Era virgem e sonhava transar com o António Banderas. Gostava de cinema, principalmente espanhol. Adorava Luis Buñuel
Sales gostava de Cássia Eller. Masturbava-se ouvindo "Smell Like a Teen Spirit" e folheando "Playboy" da década passada. Trabalhava na oficina do tio mas tinha nojo de graxa. Parou de estudar na quinta série e só conversava com Paulo porque transavam de vez em quando. Era forte devido ao trabalho físico e corria o boato na rua que se tratava de um rapaz bem dotado.
Um dia Paulo passou uma cantada em Cinthia dentro da loja. Ela não gostou e reclamou com Samuel. Este, pouco preocupado com os problemas da loja, não sabendo quem era Paulo, avisou ao pai sobre o assédio cometido pelo caixa. O pai demitiu o negro por justa causa. Paulo ficou satisfeito com a demissão e indicou Sales para o lugar do negro. Samuel fez amizade com Sales e logo ele foi promovido à gerência. Paulo pediu demissão e com o dinheiro tentou a sorte nos Estados Unidos. Paola foi obrigada a fazer um trabalho junto com Samuel, transaram logo na segunda semana. Ele se apaixonou e ela o trocou por Sales logo depois. O negro, revoltado com a demissão, encontrou Samuel quando saia da faculdade, encheu-o de porrada, e num ato de fúria, o estuprou. Foi condenado há dez anos de prisão. Cinthia fazia visitas esporádicas depois que o negro foi preso. Paulo foi deportado um ano depois. Samuel foi enviado para Inglaterra e a família nunca mais teve notícia dele, dizem que se matou após uma orgia regada a absinto. Paulo passou a morar com Sales, que ainda estava com Paola. Chegaram mesmo a transarem os três juntos. Cinthia foi morta junto com o amante numa rebelião na cadeia. Paola engravidou de Paulo, este fugiu para o Paraguai e começou a "trabalhar" com interceptação de carros roubados do Brasil. Márcia, a filha de Paola, morreu com sete meses, enforcada pelo cordão umbilical enquanto a mãe se debulhava em lágrimas assistindo um filme de Pedro Almodóvar. Mudou-se para o interior de Goiás, onde morava a avó. Sales continuou se masturbando ouvindo música. Acabou fazendo pontas em filmes pornó e morreu dono da oficina onde trabalhava