Usina de Letras
Usina de Letras
124 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62239 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10368)

Erótico (13570)

Frases (50636)

Humor (20031)

Infantil (5436)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140810)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6194)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->APARÊNCIAS -- 28/09/2000 - 16:23 (Pedro Gomes da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
APARÊNCIAS

O expediente terminou e nós saímos, os quatro de costume, entramos no mesmo bar, onde todos os fins de semana, tomávamos uma cervejinha gelada, antes de irmos para nossas casas.
Como o bar estava quase vazio, nos dirigimos para a nossa mesa de preferência, nos fundos do salão. Sentamos à mesa e o garson, sem que fizéssemos o pedido explícito, providenciou duas garrafas de cerveja e quatro copos.
Ainda estávamos tomando o primeiro copo de cerveja, quando entrou no bar uma jovem e sem olhar para ninguém em especial, foi sentar-se a uma mesa afastada das outras que estavam ocupadas.
O Biriba foi logo falando:
- Que bichinha metida e vulgar.
João Belo, o garson, foi à mesa da moça, ela falou qualquer coisa que não ouvimos de onde estávamos. João Belo levou uma garrafa de refrigerante e um copo para ela. Quando o garson afastou-se da mesa da moça, o Biriba voltou a comentar.
- Além dela ser vulgar, ainda quer bancar a inocente. Vejam como ela fica.
Virei-me de lado e olhei para a recém chegada por alguns segundos e voltando-me para os companheiros, falei, dirigindo-me ao Biriba.
- Aposto duas cervejas, como aquela moça não tem nada de vulgar.
- Como não é?! Não está vendo como ela se vestiu para vir aqui? Ela é uma perua muito boba.
- Aposto mais duas cervejas, como ela entrou aqui foi para se esconder de alguém.
- Não acredito nisto. Ela está agindo daquela maneira é só para chamar a atenção das pessoas.
Foi a explicação do Biriba.
- Eu concordo contigo, Biriba.
Foi o Paulo Noronha quem falou daquela vez.
- Se eu estiver com a razão, vocês pagam a cerveja?
- Eu pago.
Afirmou o Biriba. Então levantei-me e fui até a mesa onde estava a mocinha.
- Senhorita, me perdoe se estou sendo inconveniente, mas pareceu-me que estais com algum problema.
Ela olhou para mim, quase chorando e falou.
- Não está acontecendo nada.
- Não é o que a senhorita está demonstrando. Percebe-se, claramente, que aconteceu ou está acontecendo alguma coisa que a senhorita não gostou.
A jovem abaixou a cabeça e percebi que começava a chorar. Com a intenção de ajudá-la, voltei a falar:
- Não quero ser impertinente, mas se for alguma coisa que eu possa fazer para ajudá-la, podes pedir sem constrangimento, que eu farei.
A mocinha antes de levantar a cabeça, passou os dedos nos olhos para remover as gotas de lágrimas que começavam a escorrer pelo rosto, depois olhando para mim, disse:
- Eu queria ir para casa. Mas não queria que ele me visse.
- Posso saber quem é ele e onde está?
- É o meu namorado. Ele está lá fora abraçando outra moça.
- Permita-me que eu me sente?
- Podes sentar.
Sentei-me e fui logo perguntando:
Então a senhorita entrou aqui foi para se esconder do seu namorado?
- Foi.
- Fique calma, que nós vamos resolver este problema. Qual é o seu nome?
- Nícia.
- Que coincidência! Eu tenho uma filha com o mesmo nome. Posso até esquecer como nos conhecemos, porém nunca esquecerei o seu nome. Como eu vou saber se o caminho está livre para tu ires para casa?
- Não entendi.
- Eu quero verificar se o rapaz ainda está lá fora. Mas como vou saber quem é ele?
- Ah! Agora eu entendi. Ele está com uma calça clara e um paletó xadrez. Estava na calçada do outro lado da rua.
- Me dê licença, que eu vou dar uma olhada no ambiente.
Levantei-me e sai do bar, sem olhar para os meus amigos. Não foi difícil identificar o rapaz. Ele continuava ali conversando com uma jovem bonita e naquele momento olhou o relógio e, também, a rua na minha direção, depois tornou a olhar o relógio, como se quisesse confirmar as horas.
Tornei a entrar no bar e fui para a mesa da jovem Nícia, sentei-me novamente e perguntei:
- Vocês marcaram encontro aqui?
- Sim. Nós íamos à casa de uns parentes dele.
- Nícia, minha querida. Eu tenho certeza que tu julgastes mal o teu namorado, pelo menos desta vez, porque ele continua lá fora te esperando.
- E a moça?
- Está com ele, mas parece ser apenas uma conhecida.
- Eu vi ele abraçado com ela.
- Talvez fizesse tempo que haviam se encontrado e estivessem apenas se cumprimentando.
- Será?!
- De uma coisa eu tenho certeza. Ele não está só, mas está esperando alguém e o horário do encontro já passou.
Nícia olhou o reloginho no braço e disse:
- Já passou quinze minutos.
Tornei a levantar-me, sai do bar e fui direto ao encontro do rapaz. Aproximei-me e perguntei:
- Você é o José Mendonça?
- Sim.
Respondeu ele, olhando-me sem entender a razão da pergunta. Já que nunca tinha me visto.
- Está esperando alguém?
- Sim. Estou esperando a minha namorada.
- Tua namorada! E a mocinha ai, quem é?
- É minha irmã. Por que?
- Não me leve a mal, José. Eu estou apenas tentando te ajudar e a Nícia, também.
- Onde ela está? O que aconteceu?
- Não se preocupe. Ela está bem. Está chorando, mas está bem. Ela te viu abraçado com a tua irmã e pensou que fosse uma concorrente e não quis enfrentá-la.
- Onde ela está?
- Fique aqui mesmo, que eu vou chamá-la. É melhor que ela encontre vocês longe dos curiosos.
Voltei a entrar no bar, sentei-me novamente ao lado da mocinha chorosa, que sentia o amor abalado. Peguei uma de suas mãos, afaguei-as e falei:
- Pronto, Nicinha. Está tudo resolvido. Podes ir ao encontro do teu namorado. Ele está te esperando, junto com a tua futura cunhada.
- É irmã dele?!
- É.
Nícia foi ao encontro do namorado feliz da vida e eu peguei a garrafa de refrigerante e voltei para a companhia dos meus amigos, que estavam curiosíssimos para saber o que estava acontecendo. Coloquei a garrafa de refrigerante, quase vazia, em cima da mesa. Sentei-me, tomei um copo de cerveja de uma vez, depois falei:
- A despesa é de vocês e aumentou com mais este refrigerante. A moça estava vestida daquela maneira, porque ia à casa dos parentes do namorado pela primeira vez. Ela entrou aqui, apressada, foi para se esconder do namorado, que estava abraçando uma outra moça, aqui ao lado. Acontece que a outra moça é irmã do rapaz e a namorada enciumada fugiu. Tudo não passou de aparências. Tanto a vulgaridade da jovem Nícia, como a disfarçatez desnecessária, como a namorada concorrente, tudo foi aparências.
Moral da história. Não julgue pelas aparências. Certifique-se antes de tomar uma decisão.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui