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Cronicas-->Visões -- 16/02/2003 - 21:57 (Alone Wizard) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Céu cinza, tempo frio, garoa. A pessoas andam apressadas pelas ruas da cidade. Passos
rápidos e mecànicos, repetidos dia após dia. Fico triste em pensar que a vida passa por elas sem que
percebam. Olho a cidade do alto e vejo muitas vidas sem ser notado. Vejo suas dores e suas
angústias. Vejo também seus momentos de alegria e de prazer. E vejo sentimentos que se
transformam, pessoas felizes que ficam tristes e aqueles que tem tudo para se amargurar, sorrir.
Pela janela de um apartamento vejo um casal em meio a uma discussão. Foram feitos um para
o outro, mas deixaram-se separar por seus medos e suas inseguranças. Ela chora, faz promessas e
pede para seu companheiro ficar. Ele, tentando esconder suas emoções, diz que agora tudo pertence
ao passado.
Lembro-me de quando vi, pelas grades de um presídio, um homem encarcerado suspirar com
a foto de sua amada nas mão. Pagava com sua liberdade por um erro que cometera, e apesar disso o
amor que o unia a ela não foi abalado. Iriam se casar ali mesmo no presídio, mas somente poderiam
viver juntos quando terminasse de cumprir sua pena.
Batendo a porta o homem sai do apartamento, deixando a mulher em choro desesperado.
Perto dali, em um quarto de enfermaria, vejo uma mulher em estado terminal. A doença
consumiu seu corpo. Agora há apenas pele ressecada sobre ele. Sua respiração é ofegante. Já não tem
mais forças. Sabe que está condenada. Mas ela não sente dor, não sofre. Seu marido que a
acompanhou durante muito tempo está a seu lado. Sua presença atenua seu sofrimento. O mais
poderoso analgésico não se compara ao alívio de seu abraço fraterno.
Quando meus olhos voltam ao apartamento do casal que brigava, presencio a mulher parada
em frente a janela. Seu olhar está vazio, questionador. Começa a se lembrar dos momentos que
tiveram juntos. Muitas noites de amor se repetem com clareza em sua mente.
No andar abaixo, outra mulher lança seu olhar pela janela. Sofre por um homem diferente.
Sofre por um padre que há muito tempo conhece. Sempre existiu uma forte amizade entre os dois.
Essa amizade cresceu, cresceu, e agora estava se transformando em amor. Ele não poderia quebrar
seu votos sagrados. Esse amor nunca poderia se consumar. Mas ela o amava mesmo assim. E por amor,
o esperava.
O homem volta ao apartamento. Ela chora, insiste novamente para que fique, para que de uma
nova chance a ambos. Ele, movido por infundado medo, nega, mesmo sabendo que no peito seu coração
pede por essa chance.
Uma tv ligada na portaria do mesmo prédio mostra a história de um idoso caminhando pelas
quadras de um cemitério. Segue sempre para o túmulo de sua esposa, que há alguns anos partiu. Ele a
visita toda semana. Sempre traz consigo flores frescas que deposita sobre a lápide. Vai embora
depois que as lágrimas molham seu rosto.
Aparentemente nada mais pode ser feito. A mulher, com os olhos vermelhos de tanto chorar,
deita-se exaurida na cama que um dia foi dos dois. Ele pega suas malas, pára no centro da sala e olha,
cada parede, cada móvel, cada objeto, testemunhas de tantos momentos felizes.
Após um último suspiro, parte. Sua vida está agora sem rumo, assim como a de sua amada que
ficou para trás.
Olho a cidade do alto e vejo muitas vidas sem ser notado. Vejo pessoas que amam de forma
tão grandiosa que nem o tempo, nem a distància as separam. Vejo pessoas que amam com intensidade,
e nem mesmo a degradação de seus corpos anula esse amor. Vejo pessoas são fiéis ao seu amor, ainda
que este seja um amor impossivel de se consumar. Vejo pessoas que se amaram, se deram tanto um ao
outro, que nem a morte conseguiu afasta-las.
E vejo pessoas que se unem e que se separam. São pessoas livres, não existem impecílios ou
obstáculos, seus corpos são saudáveis e a vida pulsa forte em cada coração. Talvez por isso se
separam. Talvez seja um paradoxo da alma humana. Enquanto alguns encontram forças para lutar até
contra a morte, outros se entregam diante da primeira onda forte que o mar produzir.
Sobrevóo a cidade observando. Sem que seja notado, vejo a vida das pessoas. Fico triste em
pensar que a vida passa por elas sem que percebam. Sou um anjo que escolheu viver entre os homens.
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