Tosse. Tosse. Tosse.Ranço.
- E aí doutor, dá pra fazer uma traqueostomia?
- Hum! Reze duas Salve Rainha. Amanhã passo por aqui de novo.
O negro infeliz suspirou, tentou divisar as costas do médico ruivo, mas este já se fazia invisível por detrás da cortina de viscose laranja que separava o quarto da cozinha.
No tanque uma branquela esfregava o roupão do negro, dissolvia-lhe o sangue com cloro. Um gatinho lambia-lhe pequeninas feridas em seus tornozelos, miando quando em vez.
Deitado em decúbito dorsal mantinha os olhos arqueados atentos a um pé de cebolinha que crescia entre as telhas do seu quarto. Um sorriso amarelo aureolado desceu-lhe pela parede, era ele. Novamente?
- Eiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!
A branquela largou o roupão, chutou o gato e acudiu.
O negro estava ajoelhado reverenciando o nada com os olhos inchados. Suas
mãos tremiam e da sua garganta saíam margaridas. Seu corpo parecia querer implodir. Havia febre no ar. A moça se debruçou e abraçando-o deu-lhe de mamar.