“Eu já estou batalhando por isso há quatro anos”. Uma frase como essa, se proferida por um universitário que acaba de se formar, ou talvez por um paciente que consegue vencer a luta contra uma doença difícil, é plena de significados e realização.
A objeção existe porque a sentença veio do mais novo produto da voraz mídia brasileira moderna, Kelly Key. Cabe o questionamento, que batalha? Que guerra? A cantora credita o fato de estar nas paradas de sucesso como resultado de um esforço artístico pela divulgação e viabilização de seu trabalho.
Em um país onde uma simples cabeleireira, por se vencedora do programa No Limite, passa a ministrar palestras em escolas (e os temas abordados não são novas técnicas de corte), então está tudo bem.
Kelly Key é a bola da vez. Presença garantida na TV, músicas nas rádios, fotos em revistas, agenda de shows programada por meses e até planejamento para um carreira internacional. Tudo feito por empresários astutos e coerentes com a triste realidade do mercado cultural brasileiro, que aceita tudo o que lhe é “oferecido” goela abaixo.
A frase da cantora foi dita enquanto participava do programa É Show, comandado por Adriane Galisteu (diga-se de passagem, não fugiu à regra e deve 90% de sua projeção atual ao fato de ser namorada de Ayrton Senna no período do acidente fatal). No mesmo sofá, estavam Zico, Amado Batista, Giulia Gam e Netinho.
Os outros convidados precisaram (uns mais do que outros) saber fazer bem alguma coisa. Compor, cantar, dançar, jogar futebol, atuar. Kelly Key não possui, infelizmente, nenhuma das qualidades citadas. Suas letras são tão complexas como o funcionamento do organismo de uma planária, sua voz é a de uma adolescente sob efeito dos hormônios típicos da idade, dança tão bem como Fred Astaire o faz, atualmente.
Resta-nos o consolo, seu sucesso tem data para extingüir-se assim como teve para começar.
|