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cronicas-->Churrasco de domingo -- 17/02/2003 - 09:39 (Ingrid Valiengo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu, Aninha e Gracinha estávamos no meu quarto onde o ventilador de teto ameniza o dia. Ouvimos então, um burburinho lá embaixo. Gracinha foi a primeira a falar: _Olhem lá para baixo, pelo amor de Deus, estão arrumando a varanda para um churrasco. Corremos todas, com aquelas caras esfomeadas e começamos a imaginar a comida que serviriam lá embaixo. Como não temos intimidade com aquele "povo", resolvemos juntar trocados para encomendar um belo churrasco no restaurante da esquina.
Bem, os trocados que restaram do sábado dançante, onde fomos comemorar o aniversário de Fernanda, não foi o suficiente para a comida desejada. Então, resolvemos fazer uma mistura com a carne e legumes que tínhamos. Só que o cheiro do churrasco era irresistível e ficamos na janela imaginando aquela picanha bem passada, farofa e molho. Gracinha não resistiu e começou a fazer graça: _ Ei, deve estar bom o churrasco de vocês. Animado, não? E nada acontecia, nenhum convite. Começamos a imaginar a cena: uma de nós sendo convidada para o churrasco e, depois de uma hora de festa, essa levaria a "quentinha" para casa. Mas nada, meus amigos, nada aconteceu. Gracinha começou a ter arrepios constantes e pedia em alto e bom tom um pedacinho de frango. Aninha só admirava a mesa posta, a quantidade de pão com alho e conseguiu ver até o arroz saindo da panela. E eu? Só debrucei meu corpo na janela e sorri. As meninas tentavam ser gentis, amigáveis, e até disseram que a dona da casa estava mais magra e esbelta.
O churrasco foi "banhado" a Julio Iglesias e no meio da tarde os convidados dançavam sem parar. E muito da comida sobrou. Os velhinhos bailavam e nossos olhos avistavam até feijão-amigo. Conseguíamos ver as crianças recusando pratos de comida e nós três ali, mortas de fome, loucas de vontade de encher a barriga de churrasco.
Fechamos a janela quando reparamos que não iríamos receber nada. Também, o martírio da fome era tamanho que não conseguimos ficar em pé perto.
As 18:00 ouvimos os parabéns. Hora do bolo. Não resistimos e corremos para ver. Meu querido leitor, você não tem idéia do que havia na mesa: torta de maracujá, bolo de chocolate, pavê e o caramba. Começamos a rir, Aninha passou mal, Gracinha ficou revoltada e eu perdi a cabeça. Contei os andares e fui lá na casa da aniversariante.
Ao descer no elevador, lembrei que a tal dona da festa vendia roupas e foi aí que me dei bem. Toquei a campainha e falei: _ Desculpa incomodar, mas não é aí que estão vendendo roupas? A mulher foi muito gentil, disse que sim, mas estava comemorando o aniversário e perguntou se eu não poderia voltar outro dia. Eu então, falei que trabalhava longe e que chegava muito tarde em casa. A mulher, louca para vender as roupas, me chamou para entrar. Quase caí dura no chão. Na cozinha havia comida de tudo quanto é jeito e cor! Salgados, doces, churrascos, bebidas. Comecei a ficar branca de tanta fome. Ela então, perguntou se eu não aceitaria um pedaço de bolo. Sorri como uma criança e escolhi um pavê maravilhoso.
Sentei-me na varanda, conheci os familiares (um deles me perguntou: _Você já comeu torresmo de dentro da barriga do porco? Ah, eu dizia sim a tudo!). Olhei algumas roupas (sempre recusando) e depois de 15 minutos comecei a ouvir certos gritos. Como eu estava fascinada com tanta comida nem dei muita bola, só percebi a confusão quando meus ouvidos reconheceram as vozes. Aninha e Gracinha estavam desesperadas lá em cima, me gritavam como loucas, pediam bolo, doces, salgados e eu fingia que nada estava escutando. As pessoas da festa começaram a reclamar das duas e olhavam para cima a toda hora. Comecei a ficar sem graça e falei que outro dia voltaria.
Cheguei em casa e apanhei até me trancar no quarto e de barriga cheia, só saí de lá no outro dia.
E imagine só: não tenho dinheiro nem para um churrasquinho de gato quanto mais para comprar roupas da aniversariante. Não pego elevador por um mês nesse prédio.

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