Repousou o olhar no telhado.
Insônia de fantasmas. Virava para cima, para baixo, de lado, de bruços, de tudo.
Um súbito calor apossava todo o seu corpo. A colcha branca se enrugava num canto da cama. Um lençol fino cobria parte das nádegas à espera da brisa leve que não vinha.
Não havia jeito, a insônia continuava. Trocou a camisola de seda pela riscadinha de algodão cru. Cruzar o sono era seu desejo.
Era um fogo que provinha do corpo vulcanizado prestes a lançar chamas de desejos incontidos, insaciados. Estava penetrando num oceano enfurecido.
As mão deslizavam pelo corpo seminu , na pele macia perfumada. Uma descarga elétrica provinha do corpo eletrizado. Dedos nervosos passeavam sobre o púbis sedento, sobre lábios avolumados, pedintes. Subiam, desciam num movimento de gangorra lenta.
Fechou os olhos, mentalizou o príncipe encantado distante, trouxe-o para debaixo dos lençóis acetinados, beijou-o sofregamente. Estava ali, cunhado na alma e na pele em forma de fantasia. Só ele a fazia levitar em nova galáxia.
Respirou fundo, bateu o braço para o outro lado e constatou: estava sozinha. Desencontro total, encontro mental.
Uma lágrima rolou , muitas rolaram sobre a face ruborizada.
Com a mão umedecida as enxugou e acariciou a face, o seio, a barriga, o sexo.
O corpo tremia permeados por rugidos negando sentidos extravasados em quatro paredes.
Ébria bastante, até confusa.
Cedeu. Em movimentos cadenciados, o ventre dançava uma exótica coreografia, não sabe a quanto tempo.
Explodiu num gozo uníssono.
Pausas de silêncio, timbres da respiração.
Saciada, imóvel sobre a cama, adormeceu com a pele suada, sentindo o êxtase do prazer consumado.
Pirapora MG maio 2003
Juraci de Oliveira Chaves
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