“Pé de parede é cantoria de fim de noite. Entre amigos. A viola fica encostada na parede e canta quem quiser cantar. Sem compromisso. São as melhores” José Paulo Cavalcanti Filho. Praia de Piedade. Verão de 2001
Você acorda no dia seguinte e conclui sorrindo. “ Encontrei a mulher da minha vida”.
Você acorda oito anos depois e conclui sorrindo. “ A vida é a arte do desencontro.” Quanto tudo parecia perfeito....
Ela foi. Eu não irei. Eu calei. Ela falou. Ela veio. Eu me mandei. Ela inventa. Eu nunca sei. Eu beijei. Ela parou. Eu chorei. Ela sorria. Acordei. Ela não estava.
Ela nega. Eu digo deixa. Eu sofria. Ela gostava. Eu pedindo. Ela negando. Eu querendo. Ela com medo. Eu contando meu segredo. Ela nem tava escutando. Eu ficava perguntando. Ela nunca respondia. Tudo o que eu mais queria. Era o que ela mais negava.
Ela fez. Eu nunca fiz. Ela diz. Eu nunca digo. Ela sonha. Eu não consigo. Ela reza. Eu sou ateu. E não bebe. E eu na cachaça. E não fuma. E eu na fumaça.
Ela vai de Cherokee. Eu de Kombi lotação. Ela falando alemão. Eu nunca saí daqui. Eu parado. Ela rodando. Eu no mar. Ela na terra. Eu na paz. Ela na guerra. Eu calado. Ela cantando. Ela indo. Eu esperando. Ela vindo. Eu nunca via. Ela quer. Eu não queria. Ela gosta. Eu não gostava.
Mesmo diante de tanta diferença eu dizia. “ Nada tema”. Porém quanto escurecia, era eu que me perdia e ela sempre me encontrava.