Sonhos saindo a esmo e os olhos chorando com a chuva que caí insignificando o meu pranto - cheio de gente.
Uma vontade infinda de gritar esta dilacerante dor que alfineta cada ponto do meu pensamento, mas a voz some comedida pelo absurdo de não poder sair respeitando o silêncio da madrugada.
Mino o meu restrito espaço físico e me liberto ao olhar pela janela um céu a imitar-me chorando copiosamente o que não se sabe revelar.
Seguro a cabeça com uma das mãos, enquanto a outra tenta, incansavelmente, traduzir a insignificante alternativa de fugir deste completo abandono - revelando-me entristecido.
Nada há de ser para sobreviver frente a esta miserável e sofrível ausência: de gente e até de coisas - tangíveis.
Solidão soberba.
Como tem sido perverso este convívio monólogo, somente eu me delato e você no seu papel enfadonho de algoz, nada responde, mas declara-me sofrendo e sofrível impregnando em meus visores, quase combalidos, a triste sina do desdém.