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Poesias-->VOCÊ SONHA? -- 03/05/2004 - 16:49 (débora cristina denadai) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Encontro-a à mesa de um café.

Mulher estranha. Estranha, não.

Diferente. Intrigante. Simpática até.

Café na xícara esfriando. Livro na mão.

Folheando apenas. Os olhos apenas passeiam

pelas letras que balançam na sua frente.

Seu olhar e um eventual sorriso atravessam,

cortam as páginas.

Mais um café: “Por favor, desta vez, quente.”

Num momento muito rápido, ela nota minha presença.

Sorri. Olha. Sem nada dizer convida-me a sentar.

Nem sei se é convite. Mais parece uma sentença.

Ficamos algum tempo assim: mudas, sem falar.

Mudas não é bem a palavra. Seus olhos falam.

Muito. Falam o tempo todo. Sobre tudo.

De repente ela dispara: Você sonha?

Pronto. Me pegou de susto. Esboço um sorriso mudo.

Acho que sim, hesito...Todo mundo sonha.

Mais um gole de café. E um sorriso meio irônico vem junto.

“Tem certeza? Não sei, não...Muita gente, mas não todo mundo”

A gente pensa que sonha, vai dizendo,

até ver que a gente só está acompanhando

os sonhos da multidão. Aqueles que fomos aprendendo,

fomos sendo treinados pra sonhar. E ficou me olhando.

Parecia aguardar alguma reação da minha parte.

Na verdade, fiquei sem nada pra dizer.

Nunca me passou pela cabeça idéia desta sorte.

A gente não sonha. Vai pensando assim pra aprender.

Aprender a sonhar o que todo mundo sonha.

Aprender a fazer parte da multidão,

partilhando assim, meio sem-vergonha,

de sonhos que nem nossos são.

Sonhar com grandes casas, grandes amores,

uma vida repleta de amigos,

uma vida cheia de amores.

Fico assim, embutida nos meus pensamentos,

que suas frases desencadearam

até que ela volta a falar:

“Nossas estradas são todas iguais.

Todas com as mesmas pedras, mesmos rumos.

Aqui e ali alguma coisa diferente.

Mas é por causa dos olhos.

Tem quem olhe pra trás.

Outro tanto olha pra frente.

Quer um palpite? É. Porque conselho não dou.

Não olhe pra lado nenhum.

Nem pra frente, nem pra trás.

Ou para lado algum.

Olhe pra dentro.

E não sonhe. Seja.”

Foi-se. Lá pra dentro.

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