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Contos-->Domesticamente -- 13/09/2003 - 18:53 (Dulce Baptista) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pretendia dormir um pouco. Dormir propriamente não; ficar na horizontal, de bruços, o pensamento em branco, uma pausa enfim, depois dos quilômetros dentro de casa entre as fraldas, o banho das crianças e o almoço. O neném há muito ressonava no berço, eram três da tarde. O mais velhinho se esgueirava no escritório, sondando gavetas na busca de canetas proibidas. E o pai já se tinha ido para a caminhada dos sábados.

De repente Denise sentiu uma coisa gelada no pé. O que seria? Preferiu imaginar...No semi-cochilo percebeu a mãozinha travessa espalhando pomada; em breves instantes, o pé ficou todo branco.
* * *

Paulinho tinha visto todos os desenhos da TV, mas seus quatro anos de muita pulação pediam movimento. O Pedro no berço, a mãe no cochilo, o pai só voltaria mais tarde. Que fazer? Relanceou o ambiente e se fixou naquelas gavetas secretas – quem sabe, os seus queridos lápis de cor, depois de lindamente apontados, não haviam sido postos ali? Subiu na cadeira e com a maior seriedade pôs-se a remexer.

E tanto fez, que sob inúmeros papéis incompreensíveis acabou encontrando duas canetas, uma vermelha, outra preta, melhor achado que qualquer lápis do mundo. Escreveu até cansar. Foram dez longos minutos de rabiscação concentrada: revistas, relatórios, circulares, um rabisquinho bem de leve na porta, que era pra mamãe não zangar muito.

Em seguida resolveu pesquisar o banheiro. Havia um armário onde as crianças não podiam botar o dedo. Mas que fascínio: pomadas variadas, vidros estranhos, líquidos avermelhados, cheiros, comprimidos, até esparadrapo e tesourinha. Mas tudo muito alto nas prateleiras... tinha medo de cair. Depois de olhar e refletir bastante, optou pela pomada mais próxima: branquinha, gostosa, devia ser aquela que a mãe passava no bumbum do Pedro.
Pensou em fazer um curativo. Aonde? O neném choraria logo, nem adiantava. Correu célere, então, antes que lhe escapasse a idéia e colocou-se diante da mãe, que dormia, o pé à mostra sobre a colcha. E aí, enchendo-se de muita compenetração iniciou o curativo-estátua. Que beleza! A mãe no sono e Paulinho trabalhando... daí a cinco minutos o pé ficou todo coberto, o tubo vazio, e abriu-se o sorriso triunfante no rosto mais levado desse mundo.

Denise não teve coragem de dizer nada diante de tal sorriso. Limitou-se a tentar tirar aquele grude, mas já o Pedro berrava exigente. Tinha acordado ensopado e com a fralda recheada. Pulando de um pé só, Denise tentava se desincumbir do seu papel de heroína do lar, enquanto o querido Paulinho exultava:

– Mãe! Vou contar pro pai que você virou Pererê!...

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