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cronicas-->Solidão e cachaça -- 20/02/2003 - 14:17 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Um grupo desanimado olhava para a garrafa de cachaça vazia sobre a mesa. Havia sobre a mesa uma. No chão mais oito. Olhos vermelhos e semi-abertos dos cinco homens contemplavam a penumbra do boteco iluminado por làmpadas de 40W, ainda mais fracas pela falta de capacidade da usina local. Na verdade apenas geradores velhos, sucatas norte-americanas doadas para a comunidade rural.
Um cheiro de óleo diesel vinha do gerador, tornando o ar do boteco ainda pior. Cinco homens solitários pensando em famílias distantes ou destruídas pelos infortúnios e desacertos.
Na extremidade mais clara do bar um homem velho, algo em torno de 70 abraçado com duas bailarinas de boate. Na verdade prostitutas, pois dançavam coisa nenhuma. Algum infeliz teve a idéia de registrá-las como bailarinas para atender exigências do Ministério do Trabalho.
Entre beijos e abraços ardentes subia a voz do homem, que acariciado pelas mulheres pagava rodadas de cerveja e tira-gosto. Pedaços de peixe engordurados pela banha envoltos em tomate e um molho indescritível compunham o cenário.
Os cinco homens olhavam com o resto de suas energias e cérebros para o velho acompanhado pelas mariposas. Voavam de vez em quando em rodopios escandalosos na busca de gestos sensuais.
Um dos embriagados disse que era ridículo um velho abraçado por mulheres mais jovens estar tão descarado naquela noite.
Dois sorriram. As caras amarrotadas dos outros companheiros já não tinham outra expressão senão a da indiferença. A cachaça já tinha eliminado sentimentos e sentidos.
O homem, comerciante de ouro na localidade, comemorava o resultado do ano de 1979. Era paulista e esperava voltar para Itú, onde investia o capital ganho na Amazónia.
Os embriagados vinham de todas as partes. Dois do Pará, um do Rio Grande do Sul, um do Ceará e o outro da Argentina.
O argentino sorriu de sua própria solidão. Imaginou que a cena fosse parte de um sonho. Sentiu inveja do homem acompanhado.
No outro lado do boteco o homem olhou para os bêbados e sentiu inveja dos homens que assumiam a solidão na cachaça. Beijou ardentemente as prostitutas para disfarçar. Em breve voltaria para São Paulo.
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