Há silêncios e silêncios.
Silêncios que esperam a hora,
silêncios que falam por horas,
silêncios nas horas certas,
silêncios em horas erradas.
Há silêncios que argumentam,
silêncios que dizem nada
contendo em si quase tudo,
plantam dúvidas, semeiam ansiedade.
Há silêncios para tudo:
silêncios para o amor, silêncios para saudade.
Silêncios em olhares frios
que cortam a alma,
e deixam o outro vazio,
silencioso, sem nada.
Silêncios amorosos,
em olhares solidários,
que abrem-se calorosos,
em abraços, carinhos vários.
Silêncios interiores,
construídos alma adentro
que expõem ao sol, ao vento,
nossas feridas e dores.
São silêncios curativos
porque só se curam feridas
quando se lhes tiram as ataduras
e assim expostas, a vida
lhes pode trazer a cura.
Há silêncios impiedosos, violentos,
cujas palavras cortam, ferem,
que sem falar nada, preferem
a indiferença, o ignorar, o esquecimento.
Silêncio. Silenciar nem sempre é calar.
|