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Artigos-->A Dor Que Dói Na Gente -- 16/11/2000 - 05:41 (Mônica Maria C.M.Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






A DOR QUE DÓI NA GENTE



Existem vários tipos de dores. Tem a dor advinda de algum problema físico, alguma disfunção corpórea. Ela incomoda, claro, mas para ela sempre tem algum analgésico e/ou antinflamatório que acaba dando jeito. Tem a dor pelas perdas cronológica. Sim, porque vivemos perdendo algo, como a infância, que perde para a pré-adolescência, que por usa vez perde para adolescência(própriamente dita) a qual perde para maturidade(quando a alcançamos). E todos perdem para a velhice. Que por ser a última parte da estrada da vida, acaba também, tendo a última palavra.

Até parece que estou elogiando perdas e dores. Negativo, não é este o meu objetivo. Hoje gostaria de discorrer sobre a dor de perdas da vida e não de fases. Aquelas, são perdas inerentes a nós, pois todos passamos por estas fases e não temos o poder de mudar os fatos. Estas, sobre as que eu quero escrever, são as dores advindas das “podas da vida”. São perdas, frustações pelas quais passamos e que geralmente achamos injustas(muitas vezes, realmente o são). As dores advindas das podas não são dores gerais, são particulares, têm a própria forma, são individuais, são importantes, porque são nossas. E porisso mesmo, acho que merecem algumas palavras e parágrafos. Também quero explicar porque adotei a palavra “poda” e não “perda”. É porque quando acontece, sentimos que fomos lesados, nos tiraram alguma coisa, cortaram algo que poderia ter acontecido e não aconteceu(sabe-se lá Deus o porquê). Sentimos que a vida não é justa, que nada é justo. Mais do que raiva, nesta hora, sentimos uma dor muito particular, muito nossa e de mais ninguém.

Isto geralmente acontece quando perdemos um amor, o qual sonhamos há tempos, aquela menina ou aquele rapaz que vivemos olhando, ocultos, e que de repente passa na frente da gente com um namorado(a). A dor que sentimos nos atinge fundo. Ou, quando criamos coragem e vamos nos “finalmentes” e a pessoa nos descarta, sem mais nem porquê. Isto tambem acontece, quando nos sentimos sozinhos, sem sermos aceitos como somos, num ambiente em que a critica e/ou a disputa seja mais valorizada que os sentimentos ou a pessoa.

Outra situação, é quando não se consegue um emprego, mesmo sendo apto para ele, ou porque a idade já passou ou porque não tem a aparência desejada.... Tem gente que daria o braço(e até algo mais, se possivel) para ser mais bonito e menos inteligente. Porque sendo bonito poderia conseguir a gatinha,ou o emprego, ou ser mais ouvido e mais aceito em sociedade, e até na familia.

Por que existem tantos grupos?? Por que nos agrupamos? Porque ninguem consegue viver sozinho, temos que pertencer a algum lugar, e nos sentindo pertencentes nos sentimos aceitos. A rejeição é uma poda injusta. E ela não existe apenas na sociedade. Ela tambem está presente na familia. Ë o filho que convive com pais que não o amam(nem o aceitam como é); são pais que convivem com filhos dos quais não recebem nenhum carinho nem atenção. Isto também dói.

Muitas vezes esta dor ganha vida diferente. Ë exposta, veiculada através de poesias , pinturas, crônicas, monólogos, música. Quando isto acontece é ótimo, pois conseguimos conviver com a nossa dor de uma forma mais resolvida. O problema é quando isto não acontece. Quando a pessoa se sente tão seca, que dela não sai nada, forçando-a a conviver com um hóspede indesejado, invisivel, incansável e....doloroso.

Isto me faz lembrar de um filme que vi, teve até indicação para o Oscar. “Mask” é o nome em ingles, esqueci o correspondente em portugues. Conta a historia de uma rapaz, superinteligente, mas que tem uma doeça deformante e fatal(seu rosto era deformado). Mesmo assim, mesmo não sendo aceito pelas feições que trazia, tinha um entusiasmo inato, não se deixava abater, apesar de viver sozinho, sem amigos. Obvio, não tinha namorada. E, acaba sendo aceito pela única pessoa que teria esta capacidade...uma cega. Ela o aceita porque não pode vê-lo. Mas pode senti-lo. É o que basta para ela. Bem, assim conta o roteiro.

Existem(eu conheço) pessoas lunimosas, brilhantes mesmo, presas em corpos que não tem brilho algum. Mas nem porisso estas pessoas deixam de brilhar. Este brilho é inerente a elas, mas os outros não vem, mais preocupado em encontrar beleza....Ora, ela existe...apenas é sentida, não vista. E por causa disto passa desapercebida.

Aí eu fico pensando, no meu perene monólogo comigo mesma: “Será que precisamos nos cegar fisiologicamente para que o interior do outro apareça nitidamente para nós?” ou “ Será que teremos que ter o ouvido defeituoso para ouvirmos a dor que está no outro?” Claro que nada vai ser respondido apenas em algumas perguntas. Não é tão fácil assim. Mas acho que, se a dor que dói na gente também doesse no outro de forma similar, talvez doesse menos em nós.



Claraluz



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