Um barco a velejar
num intrépido oceano
de vagas loucas a marulhar.
Busca um porto seguro,
um ‘profundo ancorar’.
Eternamente louco,
numa louca intrepidez,
só velejar.
Agora um pouco de paz,
um silêncio, um repouso.
Será agora o porto seguro, ou não?
Terá ainda que velejar
em busca de outros mares?
E, mais além, então, num outro porto ancorar?
Melhor nada perguntar,
calar simplesmente,
mergulhar ao fundo,
respirar esse silêncio
nesse manso sonho louco de um porto ao longe,
sentir-me segura em meio à tempestade...
e, de repente desprender-se,
lançar-se de novo e mais uma vez procurar
num dia de sol, ou mesmo de chuva,
mais uma vez, um belo porto seguro,
e, quando avistar, enfim, o amor
nunca mais a solidão do mar. |
