MILENE, NUM ERA SEM TEMPO!
Lílian Maial
Ara, Milene, a demora
quase põe tudo a perdê,
inté pensei que essa hora
ia brigá sem ocê.
Convoquei os cabra tudo
(e tem cabra cabeludo)
cheguei de medo a tremê.
Inda bem que tu chegô,
toda dona da cocada,
pois inté me apresentô
pra nova rapaziada.
E eu queria lhes dizê
que tenho muito prazê
em vê em quem dô porrada!
To chegano divagar,
que é pramodi num dá susto,
nesses novos do lugar,
batê logo num é justo.
Já conheço a maioria,
tudo bão de poesia,
vou ficá a todo custo!
O Geraldo é o Ribeiro,
Que cunheço do Recanto,
É um cabra de respeito,
Portadô de muito encanto.
Dona Hull tem nome estranho,
fica verde após o banho,
Inté no Hulk dá espanto?
A Lyra tumém cunheço,
É rainha ou só Regina,
pois lhe tenho muito apreço,
bom lhe ver aqui no Usina.
Essa gente toda junta,
pra alegria de defunta,
faz clarão c a lamparina!
Sei que Torre, o português,
derruba Bispo e Peão,
no tabuleiro-xadrez,
a Rainha ganha chão.
E nesse formoso embate,
adispois do xeque-mate,
o leitor é o campeão!
Inda num tive o prazê
de cunhecê a Julinha,
de esperá num vai perdê,
o capricho é coisa minha.
E se a gente duelá,
ocês pode acreditá,
num poupo nem a orelhinha!
Portanto, dona Milene,
vá preparano a armadura,
pra num embate solene,
as moça tê compostura.
As palavra fere doce,
por pió que a ausência fosse,
vai doê mais a fartura!
Lili Maial
PS: É um prazer estar rodeada de pessoas tão deliciosamente poéticas e amigas, e valorizadoras do cordel, que é a poesia autenticamente brasileira. Meus simples cordéis são o reflexo do carinho que tenho por todos, feliz de estar de volta.
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