PONTE
Lílian Maial
O mar, o barco, o balanço...
Cavalgar golfinhos imaginários,
A teu lado, segura, feliz,
Sorrindo, sonhando, sentindo
O vento lá fora, as gotas,
Marolas marotas, em ritmo,
Uma após a outra, ordeira,
Como seu íntimo.
O mar, imenso mar,
Onde mergulho sem bóias,
Sem medo, sem nado,
Sem nada a impedir,
Me atiro, protegida,
Porque você está aqui.
As ondas passam, as horas passam,
As pessoas passam nas ruas, apressadas,
Tão tolas, nem sabem...
Nem eu sei, mas nem quero
Pra que saber, se não quero?
O mar, o açúcar, o Pão de Açúcar
Tão longe agora, em poucas horas...
Navego esse barco afoito
O tempo, o vento, o calor...
Domino o golfinho manso
Não me canso de cavalgar
Ele deixa, orgulhoso, ondular.
O mar, azul profundo,
Passagem para o outro lado...
Me calo, me embalo,
Acordo em terra, me entrego,
Escorrego, vou-me embora.
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Do livro "Enfim, renasci!" |