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Textos_Religiosos-->Padre Jerzy Popieluszko, mártir da Polônia comunista -- 23/11/2006 - 09:24 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Padre Jerzy Popieluszko

(Texto extraído do livro “Romarias da Paixão”, de Rubem César Fernandes, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 1994, pg. 60 a 63)

“Nasceu em Okopach, pequena cidade a leste da Polônia, em 1947. Estatura mediana, magro, uma expressão frágil na face. Ingressou no seminário teológico em Varsóvia em 1965. Foi ordenado padre pelas mãos do primaz cardeal S. Wyszynski. Desde 1978 ocupa-se da pastoral da saúde na diocese de Varsóvia. Chefiou as equipes médicas nas duas primeiras visitas de João Paulo II à Polônia, ambas inteiramente organizadas pela Igreja, à revelia do Estado.

Em agosto de 1980, os metalúrgicos de Huta Warszawa entram em greve de solidariedade aos grevistas de Gdansk e pedem um padre para rezar missa na fábrica ocupada. O cardeal Wyszynski indica Popieluszko para a função. (...)

Desta relação surgiu mais tarde, já durante o estado de sítio, uma ‘pastoral operária’: reunia líderes sindicais na clandestinidade e partia com eles em romarias noturnas para o santuário da Virgem negra de Czestochowa. A visita à santa, a repetição dos passos da Paixão de Cristo pelos muros do mosteiro, e depois reuniões e discussões político-sindicais. Na primeira vez que chegaram, os guardiães do santuário, padres paulinos, recusaram-se a recebe-lo. Temiam as conseqüências. Como os romeiros clandestinos não se afastassem dos portões, e a noite avançasse sobre a manhã, depois de longas negociações intercaladas com telefonemas para a cúria em Varsóvia, concordaram afinal em acolhe-los. Na vez seguinte, a romaria operária foi já recebida como sinal de uma nova ‘tradição’.

Padre auxiliar na igreja de são Stanislaw Kostki, em Varsóvia, Popieluszko ocupou-se da rede de apoio aos presos políticos e aos seus familiares em seguida ao golpe de 13 de dezembro de 1981. O golpe militar do general Jaruzelski impressionou o mundo pela sua eficiência no isolamento da sociedade polonesa. Telefones, telex, correio, transportes interurbanos e internacionais foram suspensos por cerca de dois meses; o toque de recolher foi imposto a partir das 19:00 h; os militares permaneceram acampados pelas esquinas das cidades. Em meio a este temor, Popieluszko celebrou a sua primeira Missa Pela Pátria e Pelos Que Mais Sofrem Por Ela, em fevereiro de 1982. Desde então, até o fim, realizava esta missa no último domingo de cada mês. Incorporando cantores, poetas, atores, a Missa pela Pátria tornou-se um evento de importância crescente. Dezenas de milhares de pessoas, pelas quatro estações do ano, transbordavam a igreja e espalhavam-se pela grande praça à frente do santuário, desafiando o estado de guerra. Nestas missas, os gestos, as bandeiras, as palavras do Solidariedade eram expostas em toda a liberdade. Nas Missas pela Pátria, Popieluszko lançou e difundiu uma divisa evangélica que se tornou palavra de ordem por toda parte no país e para todas as ocasiões: ‘Vencei o mal com o bem!’ Foi a versão polonesa da luta não violenta.

As perseguições policiais começaram já em 1982. O diário de Popieluszko registra 17 requisições e interrogatórios da polícia política. Uma campanha difamatória foi lançada contra ele pelos jornais, com alegações sexuais e de violência terrorista. Até mesmo a direção da Igreja polonesa passou a exercer pressões contra a sua prática pastoral. Falou-se de seu afastamento, de uma posição em Roma... Ao que se diz, não fosse uma intervenção do papa, ele teria sido removido. (...)

Em 19 de outubro de 1984, foi raptado pela polícia, torturado, morto, escondido no porta-malas do carro policial de chapa fria, transportado para uma região erma, e jogado no rio Vístula. Seu desaparecimento provocou imensa tristeza e consternação. O enterro ocasionou a primeira (e gigantesca) manifestação de massa desde o golpe de 1981. Seu túmulo, no pátio da igreja de são Stanislaw Kostki, ao lado do túmulo de um estudante secundarista também assassinado pela polícia, tornou-se objeto de contínua peregrinação nacional.

No Natal de 1984, uma das igrejas do centro de Varsóvia exibiu um estranho presépio, posto ao lado direito do altar: um automóvel de cor preta, desses utilizados pela polícia política, com o porta-malas aberto, e dentro dele as palhas e o corpo frágil do recém-nascido Jesus”.


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