Um dia uma criança perguntou ao pai quando seu sonho se realizaria,
O pai olhou ao redor
E viu sua casa simples,
De favela...
Casa sem luxo...
De madeira, papelão e palha.
Ficou com medo de perguntar qual seria o sonho do filho,
Pois temia não poder realiza-lo...
Perguntou qual era a árvore que ele achava mais bonita,
A criança então disse que era aquela de frente para a única janela de casa
E o pai perguntou qual era a flor mais bela daquela árvore
A criança então respondeu, apontando com o dedo, que era aquela flor mais alta.
O pai então disse
Que quando aquela flor tocasse o chão, o seu sonho se realizaria...
O garoto ficou admirado, mas não compreendeu...
Começou a passar horas e horas em frente à janela olhando aquela flor,
...Ela teimava em não cair...
Com o tempo a empolgação foi diminuindo, mas sempre antes de dormir e quando acordava ia olhar como estava sua flor...
Ventos e tempestades...
Dias e noites...
Sóis e luas...
Meses e anos...
...Passaram...
E a flor continuava ali
O garoto cresceu, tornou-se homem...
E tornou-se rico,
Mas nunca esquecia de sempre antes de dormir ver sua flor...
Mandou construir uma mansão no mesmo lugar de sua antiga casa sem luxo,
Preservando apenas a janela que dava vista à flor,
A janela ficava em seu quarto agora, de frente para sua cama, onde podia vê-la sempre antes de dormir e antes de começar mais um dia...
Ficou tentado por várias vezes em arranca-la, mas a lembrança de seu pai, há muito falecido, lhe dizendo que seu sonho só se realizaria se aquela flor caísse naturalmente, impedi-o de arranca-la,
E o tempo teimava em passar e a flor teimava em não cair,
O homem viu seus filhos crescendo, tornando-se homens bons e respeitáveis como ele próprio, viu seus netos da mesma forma crescendo em bom caminho.
Agora, já velho, acordou em uma manhã e viu que em sua vida inteira fora feliz e amado e respeitado, teve filhos e netos maravilhosos, sua vida fora “perfeita”, e finalmente compreendeu oque o pai havia lhe dito há tanto tempo atrás.
Porém estava muito velho, velho de mais, e sentia que não viveria por muito tempo.
Até que um dia quando a morte já estava sentada ao seu lado na cama, notou que a flor finalmente desprendeu-se da árvore, e lentamente voava ao sabor do vento, seus olhos encheram-se de lágrimas, agora faltava muito pouco para seu sonho se realizar, mas conforme aquela linda flor caía, sua última gota de força, exauria.
E a flor, trazida pelo vento, atravessou a janela de seu quarto, e o velho, banhado em lágrimas, assistia a cena com esperança e vontade de ver o seu sonho realizado, então a flor pousou em seu peito e com suas últimas forças apanhou-a, e cheirou-a e disse:
_Obrigado, Senhor!
E seus filhos e netos que impassíveis e em soluços de choros agudos assistiam a cena, comentavam:
_ Ele sentiu o perfume da vida e finalmente foi feliz...
“A criança, então, se mudou para as estrelas...”.
dieheralex@ig.com.br
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