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Poesias-->Lições de Amor Pela Dor -- 18/05/2004 - 15:43 (Rogério Beier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LIÇÕES DE AMOR PELA DOR

Por Rogério Beier



Eu aqui parado em frente a esta porta

A lembrar de tudo o que vivi para até aqui retornar

E sequer reunir a coragem de um último passo dar

Com inquietantes perguntas a me incomodar:

Será que eles me aceitariam?

Será que mais uma rejeição eu suportaria?



Criei coragem e respirei fundo.

Carregava em minhas costas o peso de todo o mundo.

Levantei o punho para naquela porta bater

E logo me veio um último pensamento,

Que fez a minha mão enfraquecer.



Minha cabeça doía loucamente,

Tamanha era a minha confusão

Voltar para trás já não podia,

Pois o dinheiro não dava nem pra condução

E há dois dias sequer eu comia

Mas só sei que pra frente eu também não ia

Faltava-me a coragem e a determinação

Para deixar para trás o orgulho ferido

E pedir a meus pais o perdão.



Perdão por fugir de casa feito um ladrão,

Na calada da noite,

Pés descalços, ante pés descalços,

Até chegar lá no portão.

E eles só souberam de tudo no outro dia

Ao encontrar meu bilhete que só ofendia

“Não consigo mais viver na mesma casa que vocês” - eu dizia

“Não preciso mais de vossa companhia”. – eu insistia

Coitado de mim,

Desse mundo muito pouco eu conhecia

E sequer imaginava o que o destino me traria.

E olha eu aqui, em frente a essa porta a pensar,

Em como a meus próprios pais devo me apresentar.



Ainda envolto em meus pensamentos

Duelando com este orgulho renitente

Não me apercebi do encontro eminente.

De súbito a porta se abriu.

E rapidamente, por ela um vulto saiu.

Não deu tempo para eu ver quem era

Pois agora era a vergonha minha quimera

Só notei que a pessoa, nem mais um passo dera.

Nem para frente, nem para trás.

Estava ali, estática a me olhar.



Fui me virando lentamente,

Subindo o meu olhar

Que mirava, inicialmente,

O chão a rodar.

Primeiro, reconheci os velhos chinelos surrados.

Depois, as meias e o velho shorts furado.



A cada centímetro que subia meu olhar,

Eram mais lágrimas no meu rosto a rolar.

Finalmente, olhei para aquele velho rosto conhecido

E reconheci meu pai, um pouco mais envelhecido.

Ele olhava pra mim e sorria chorando

O rosto iluminado, até parecia que estava rezando

E foi então que inesperadamente

Repetiu um velho gesto de infância,

Abriu os dois braços largamente

O que me fez correr como uma criança.

E quando estava envolto nos seus braços

Bem baixinho nos meus ouvidos ele sussurrou:

“O meu filho voltou! O meu filho voltou!”.
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