Angústia
Trago somente mágoas nesta vida.
Sinto, no coração, uma tristeza
Que me extermina aos poucos e faz presa
A língua outrora tão desinibida.
Quanto engano conheço.; só ferida
E ilusão de viver. Tenho certeza:
A humanidade é podre. Na baixeza
Do mundo, sou criatura enlouquecida.
Como é belo ser livre, vagamente
Andar perambulando em ciganice
E ao mundo inglório ser indiferente.
Amo tudo o que é pobre. A rabugice
É meu estado natural. E a gente
Não passa de uma fétida imundice.
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(*) Brasília, DF, 22/05/1967, "Saldunes", 1ª ed., Campinas (SP), Editora Komedi, 2004, p. 21.
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