Não sou pessoa saudosista, mas há que se considerar que o carnaval foi sofrendo modificações em sua expressão, e que foi descaracterizando o carnaval de algumas décadas atrás.
Quem não se lembra dos bailes de salão, enfeitados por belos blocos, foliões animados envergando suas fantasias e levando a alegria esfuziante para o meio da pista.
A marca do carnaval era o entusiasmo e euforia!
Havia todo um ritual de preparação; reuniões animadas, arranjos, enfim, um movimento agradável e que fazia parte da alegria do carnaval.
Como diz o ditado: "O melhor da festa, é esperar por ela...".
Havia pouco carnaval de rua, é verdade, mas ainda assim as pessoas durante os quatro dias, apresentavam-se à vontade, com fantasias, cantando e brincando, num clima ameno e receptivo.
É claro que o atual contexto sócio-económico do país, de certa forma interfere em nossos hábitos e tradições. E o novo formato em que se nos apresenta o carnaval, é produto da modernidade e adequação da cultura vigente. Junte-se a isso a flagrante violência que permeia a sociedade, rondando todas as situações e lugares.
Normalmente as festas folclóricas de um povo, retratam a realidade da época em que acontece, externando de uma forma crua e nua, os valores que vigoram naquele determinado momento, na sociedade em questão.
Assim, longe de criticar, mesmo sentindo saudade, acho que deve haver um alerta, um toque de camaradagem entre todos nós.
Lidamos com uma realidade dura, onde se faz necessários alguns cuidados para que possamos passar pelo carnaval com segurança e conservando o espírito brincalhão.
Das mudanças mais sensíveis que podemos perceber, uma é a violência. Que todos os foliões não deixem de curtir o carnaval como se programou, mas que observe com critério e zelo a segurança, para que não aconteça de haver interrupções desagradáveis e por vezes graves, no decorrer deste feriado.
Que os jovens se lembrem que a AIDS não sai de cena em feriados e comemorações, que deve programar-se para que tenha um carnaval alegre, porém que não deixe lembranças tristes quando ele se for!
Que a bebida seja ingerida com ponderação, pois a maior alegria do ser humano, é exercer sua liberdade de pensar e escolher. A bebida, em exagero rouba a qualidade mais preciosa do ser humano: A liberdade de pensar por si mesmo!
Importa que possamos cada qual, curtir o carnaval como nos convém, mas que todos possam estar em segurança, brincando de forma saudável e lembrando-se de que:
- "Nosso espaço termina... onde começa o do outro...".
O respeito é a melhor expressão da verdadeira cidadania.
Um Feliz carnaval a todos, e que possamos aproveitar em paz!
Priscila de Loureiro Coelho
Consultora de Desenvolvimento de Pessoas |
