Era atrás das portas que perdíamo-nos. Nus. Nos corredores passavam as freiras calando a mistura de riso adolescente com o tesão da descoberta. É um momento lindo e misterioso. Tocava seus seios desajeitado, com medo de machucá-los, mas desejava apertá-los. Queria sentir além do que as ásperas mãos e o espaço permitiam. Assim eu e ela descobrimos, nos poucos anos que estudamos juntos, o que era tão combatido pela moral vigente.
Lembro-me que, temendo o fim da farsa acarretando consequências inimagináveis, nem tirávamos as meias para eventual re-despimento em caráter urgentíssimo. Mas era um tesão bom. Ainda ouço comentários maldosos de meu pai beirando "isso é tesão de mijo", e por aí vai. Mas, sendo ou não, com aquele fervor todo, jamais cairia sobre os pés de um de nós dois.
Ela usava no tornozelo esquerdo uma corrente clara, contrastando o moreno cujas gotas de minha saliva deslizavam sem barreiras. Não resisti e tirei suas meias. Seus pés, que a pressa outrora me negava, congela o tempo e meu olhar. Sem mais um pingo de resistência, escorregam-se os es-táticos corpos pela porta, caindo no meio do corredor eu e ela. Assim mesmo, sem ordem, sem regras, nem meias.