Para se cantar Olinda
é preciso ter talento
para falar da paisagem
que fica no pensamento,
quando olhado o mar da Sé,
na linha do firmamento.
Lá embaixo o coqueiral,
barricada derradeira
de sentinelas constantes
contra a ressaca traiçoeira,
retrata com galhardia
a copa - imensa bandeira!
E, entre o morro e a praia,
ficam seus velhos sobrados
de muitos vultos famosos
que são por "guias" lembrados,
num recital decoreba
de versos de pés-quebrados.
Terra de muitos artistas,
como artesãos de valor
que nasceram no lugar
ou ficam por ter-lhe amor,
que ali é Pátria das Artes
e berço de trovador.
Ao lado do popular,
improvisação de artista,
há figuras de renome,
seja escritor ou cientista,
porque de Olinda o destino
sempre é de grande conquista.
Foi primeiro no País
o seu Curso de Direito,
dando início às nossas Leis
criadas pelo respeito
à convivência social
sem ranço, nem preconceito.
É Olinda uma cidade
de gente feliz, sadia,
que curte o torrão natal
em constante simpatia,
pois, o olindense, afinal,
respira sempre poesia!
Por isto é que nos folguedos,
Carnaval, principalmente,
a cidade se engalana,
fica apinhada de gente
que vem de todo Brasil,
da Europa e até do Oriente.
Só se vendo o Carnaval,
que é de participação,
os seus blocos, seus bonecos,
toda cidade um salão
de festa pra todo mundo
que gosta de animação.
Porém, não se canta Olinda,
Olinda se vive e ama
subindo as suas ladeiras,
sentindo o vigor, a chama,
a impregnar-se do encanto
do multicor panorama.
OBS. Este cordel foi classificado em segundo lugar no Prêmio Arari Fonseca - 1989 - na Marim dos Caetés, hoje Patrimônio da Humanidade. |