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Poesias-->REMANESCÊNCIAS DE UM PASSADO PRESENTE -- 02/06/2004 - 15:03 (Marco Aurélio Bocaccio Piscitelli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
REMANESCÊNCIAS DE UM PASSADO PRESENTE





Tenho grandes dificuldades para me enquadrar em gêneros literários. No caso em pauta, vou transgredir as exigências outra vez.

Perdoem-me por esta inserção fora de foco. Onde mais seria cabível estacionar?.





Escreve-se, escrevo, escarafuncho. E o escrever é quase sempre como o partir daquelas garrafas com mensagens para as vastidões líquidas. Sem destino, só mesmo por acaso ou curiosidade algumas são abertas e esvaziadas antes que se degradem ou sigam a rota de um catador de lixo.



Após publicar textos na internet, recebi mensagem de simpatia por alguns deles. Era uma internauta. Mais do que admirá-los, foi conectando-se a mim por laços virtuais. Laços que, de tão empáticos, pautaram a realidade do cotidiano. As comunicações foram tecendo o enredo de uma história com tudo para ser contada, marcada pela geografia de lugares nunca antes tocados.



Na cibersfera criada, chega o arquivo da sua foto. Abri-lo foi um quase romper com a angústia da espera estagnada. Sentimentos podiam ser traduzidos para sensações possíveis. A impressão era de que surgira alguém para ilustrar o texto publicado neste sítio em out/2001, sob o título “À Procura do Viço”. Alguém que expandia o meu raio de passagem pelo universo. Um presente do passado, reaberto pela saudade da memória.





A F O T O D O V I Ç O





Eu a colocarei no ponto mais visível do meu aconchego. E ao me perguntarem quem é, direi ... a minha namorada. E vão duvidar. Direi ... a minha irmã. E se continuarem a duvidar, responderei que é a minha melhor amiga. Se me acusarem de faltar com a verdade, direi que é a minha linha de pesquisa para o espaço de uma vida. Mas sempre haverá os que não se conformam com o que ouvem. A esses, direi que é a personagem de meu último romance. Nessa sucessão, eu me sentirei o homem de todas as mulheres. Os céticos não me surpreenderão desprevenidos. A eles, revelarei que é um mantra com o qual me conjugo em sessões de meditação transcendental. Aos que não me conhecem e nada me indagarem, eu os convidarei a visitar uma exposição de arte composta por uma só tela. E eles não vão estranhar ou indagar, porque, ao fitarem a tela, verão que ela projeta todas as épocas, as idades de todos os tempos. E se minha casa se converter num roteiro de peregrinação, eu contarei a verdade. Direi que essa casa é a história de um escritor que, para compor a expressão de sua existência, vive “à procura do viço”. E que, num dia qualquer, desses que não figuram no calendário, esse escritor teve um encontro com o destino, o qual lhe apresentou o viço. O destino estava apressado, mas ainda falou:



- Não posso demorar-me, senão interrompo o seu trajeto.

- Que trajeto?

- A sua procura - retrucou o destino.

- Por favor - destino meu -, diga-me o que devo fazer para fixar o viço?

- Não pare de escrever.







O AUTOR ESCREVE PARA ELA





Você entrou de mansinho em minha vida. Convidou-me para conhecer o seu interior. Foi mostrando-me todas as suas dependências, cada qual mais bem decorada, cada qual mais impressionante. Convocou-me a sentar para beber o seu licor. Eu o degustei e me deleitei em doses subseqüentes. Você, não satisfeita com a embriaguez produzida pela arquitetura de suas essências, conduziu-me até os arredores de sua morada para continuar o show de apresentação da sua arte. Mostrou-me o esplendor de suas pétalas, a polpa tênue do seu pomar e, ainda, fez-me experimentar a maciez de seu lago de águas curvas. Eu me deliciei com tudo. Você parecia não caber mais em si com a expressão que extraía de mim. Tentei despedir-me. Você insistiu para eu ficar mais um pouco. Eu me senti tão à vontade, que exclamei algo como "era esta a casa em que eu gostaria de viver". Você retrucou: venha visitar-me com freqüência, quando quiser. E assim foi, por um ano. Eu me tornei o mais assíduo visitante daquela casa de sonhos, versos, de paisagens que entravam para dentro e de sons cantados pelas paredes.







Você acha que essa história acaba aqui? Se não, matize a se-

qüência, dê cadência, ornamente.





ELA SE MANIFESTA





"A anfitriã abre as portas, comportas, retira as travas. Recebe o novo hóspede. Não lhe parece assim tão novo, pelo contrário, muito familiar... A anfitriã sorri e o deixa tomar, mais uma vez, parte de suas dependências. Circula com ele. Cômodos são repaginados.; objetos dantes opacos são substituídos por mimos graciosos, frágeis, alguns. E a anfitriã se deleita em mostrar ao convidado todas as dependências de sua morada, que ele desconhecia... Deseja-lhe que não mais seja um convidado somente. Também não o quer como simples inquilino. Quer tê-lo sob o seu teto, em permanência. Com ele, quer olhar o alto, invadir o céu e captar estrelas. Não as cadentes, que tantos poderes anunciam, mas as mais próximas de serem planetas, as que brilham de fato e podem abrigar os dois em suas longas e esperadas viagens espaciais. A anfiftriã quer mais: quer também que ele seja o anfitrião. Quer que ele ouse, sempre com espada em riste, cavaleiro impetuoso e delicado, invada, penetre todos os cômodos dessa morada que será somente dos dois. Quer florir. Quer jardins renovados, aspersões de águas salgadas, únicas, gota-a-gota. Quer travesseiros cansados, muito sono, olhos fechados, sonhar de olhos abertos. Eternos anfitriões deles mesmos. A anfitriã joga a chave fora. Tão cedo não permitirá outro visitante em suas dependências, pois estará muito ocupada, para o resto da vida, com o novo anfitrião”.



Marco Aurélio B. Piscitelli

marcopiscitelli@bol.com.br

Escrito em out/2000.





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